Mensagem de Ano Novo: “Gente boa e gente má”

IMG_20171231_214024Só para desenferrujar a caneta. Diz o nosso Papa Francisco, e bem, que o Natal só existe com o nascimento de Jesus. Para a minha filha, por exemplo, o Natal também é agora, entre outras coisas, uns ténis Adidas Stan Smith com parte detrás em veludo verde. Esta contemporaneidade que entra pelas comunidades adentro, sujeitas a influências que vêm de fora. Isto também a propósito do fenómeno das migrações, que vão ocorrendo, mais concretamente, em certas localidades do mundo. E Nisa talvez esteja a precisar de um pequeno fenómeno desses. Isso porque se começa a sedimentar a ideia que, por cá, algumas mentes que nada têm a ver com os sentimentos associados aos nisenses, estão a vingar com a sua verborreia. Dou o exemplo de pessoas que não nasceram cá e/ou nunca conseguiram assimilar os melhores valores e a riqueza das gentes desta terra, ou trouxeram vícios desapropriados e dispensáveis. Ou aqueles que nasceram cá mas não conseguem viver sem a inveja da felicidade dos outros, mais do que estarem preocupados com uma harmonia familiar, que querem fazer passar, mas que os próprios sabem ser mais a fingir. Ou aqueles que lutam para apagar o passado. Ou aqueles que tentam transmitir à sociedade uma capacidade financeira acima da média, como se isso fosse algum objectivo de vida reconhecido, afastando os melhores sentimentos e partilha de educação. Alguns chegam a trocar de mulher por ambição tão desnorteada. Ou aqueles que se acham os maiores do Mundo pelo comando da Vinagra. Ou tudo somado, e na realidade, mantêm a fragilidade de sempre. Nas suas vidas. E até porque ingratos há por toda a parte.

Ora esses todos somados dão aí uns … 10, em mais ou menos 7450. O que não seria um problema, a não ser o facto de alguns deles terem uma significativa influência social. Nomeadamente com pessoas que não têm a mesma forma de ser ou pensar, mas acham piada, ou alguns que se aglomeram em volta destes, que os faz sentir como importantes, mas não passam de meros figurantes num tabuleiro irreal.

Os nisenses deste tempo ainda sabem quem eram os gaiatos que brincavam no recreio da escola de cima (agora Biblioteca) até à fonte do “Rossio” (que alguém aclamou de p***) quando estava no sítio certo (promessas …), ou os que estudavam também na escola de baixo ou no ciclo. Os nisenses sabem quem eram os que moravam na “vila” (qual Japão), ou na devesa, ou na fonte da pipa ou na fonte da cruz, e que muitas vezes se “digladiavam” na “praça” ou onde existisse um espaço térreo para esfarrapar sapatos. Ou quem eram os frequentadores dos bailes da Sociedade, ou aqueles que iam com os filhos ver “os grandes” a jogar à bola (hoje em dia os pais vão sozinhos ver os próprios filhos). Ou aqueles que transmitiram uma alegria e um carinho típico de uma grande terra alentejana para receber os Generais Óscar Carmona ou Ramalho Eanes. Entre tantas outras imagens e episódios.

Precisamos de todos. Precisamos de gente boa. E da opinião de todos. Incluindo a gente boa das freguesias, inteligentes, reconhecidas e que querem participar. Mas que são colocados de parte. Precisamos de responsáveis de direcções associativas que promovam mais do que duas actividades por ano, proactivos mas humildes, e que interajam com as pessoas que representam. E precisamos de responsáveis políticos que não organizem os velórios dessas mesmas associações (Alpalhão que o diga …). Por isso é que uns 10 bons de fora, para virem ajudar, reforçar e contrapor esta outra “meia dúzia”, com vontade de assimilar o que nos corre nas veias, mas que viessem também abanar esta comunidade com bons princípios, ideias construtivas, boa educação, respeito pelo próximo, sentimentos fraternos e solidários, seriam uma entrada de frescura. Pensem: 10 em mais de 7000 não são assim tantos …

Isso porque temos ainda o problema que, actualmente, o pior exemplo vem logo de cima. E não se trata aqui de criticar um muito bom trabalho que tem vindo a ser realizado no nosso concelho. Pessoas que perseguem outras até lhes sugarem o sangue, ou que ironizam, humilham e provocam deliberadamente pares em assembleias ou “locais de construção”, ou que desconhecem o sentimento da gratidão, ou que transportam uma humildade mais do que falsa, não têm nada a ver que com os melhores valores desta comunidade. Ou mesmo dos históricos reconhecidos. Mais. Os nisenses não deixam de ser humildes por passarem a ser políticos. Ou tentarem ser políticos. Nem usam nem abusam de património que não lhes pertence como se fosse seu. Até porque a passagem por “cargos” e/ou pelo “poder” é mesmo isso: uma passagem. Hoje estão uns, daqui a pouco tempo estarão outros. E o património e as instituições mantêm-se.

Liberto de quase tudo o que me atafegava em 2017, mais duas ou três coisas também muito boas e importantes, desejo um bom 2018 para toda a gente boa e respectivas famílias, com tudo de bom, principalmente com muita saúde, os melhores sentimentos e amizade verdadeira. E também para os que não são bons, mas passaram a ter vontade de ser, após lerem esta singela mensagem. Beijinhos e abraços!

Do vosso,

Marco Oliveira