Ao fim de 11 jogos, com os mesmos adversários, eis o resultado: Silas, 21 pontos; Rúben Amorim, 21 pontos. Silas saiu em 4º, Rúben terminou em 4º. O futebol não é “fácil, fácil”
De punho cerrado, a festejar sozinho na tribuna do estádio em Braga. A imagem de felicidade, seguida de discurso de ‘vingança’, no qual lembrou que o Sporting ainda lhe deve os muitos milhões pela contratação de Rúben Amorim. António Salvador, nas imagens e nas palavras, humilhou o Sporting em toda a linha: a desportiva, primeiro; a financeira, de seguida, e por fim a moral. Sim, o Sporting ‘roubou-lhe’ um treinador que ainda nem sequer pagou (já lá vão quatro meses), pensando que também lhe ‘roubava’ o 3º lugar e a entrada direta na Liga Europa. Afinal, conseguiu… zero, mas de uma forma ou de outra já garantiu aos bracarenses qualquer coisa como metade do orçamento daquela SAD na época 20/21. É obra!
Podem dizer-me que se Salvador humilhou alguém foi Frederico Varandas. Não. Quem sai humilhado é o Sporting, porque é a equipa de futebol verde e branca que termina em 4º lugar; é a SAD leonina quem tem de pagar a conta Rúben Amorim. Sim, é o Sporting quem fica humilhado, e por consequência, como Sócio, partilho desse sentimento. Salvador sonhava há cinco anos com uma noite assim. Finalmente aconteceu. Coincidência? Nada disso.
1 – OS DIRIGENTES. Se aqueles que administram a SAD tivessem um pingo de vergonha na cara, já a tinham mostrado para pedir desculpas aos Sócios pela pior época de futebol profissional da nossa história centenária. Até agora… só ouvimos o chilrear de passarinhos. De facto, imagino as desculpas de Varandas depois da bazófia exibida na pré-época, quando garantiu que o Sporting terminaria o campeonato 19/20 “acima do 3º lugar”. De facto, imagino as desculpas de Salgado Zenha depois da bazófia exibida já com a época a decorrer, quando vaticinou grandes resultados para 19/20 porque “os nossos adversários perderam alguns dos seus melhores jogadores e o Sporting reforçou-se”. E nem vou perder muito tempo com a bazófia de Miguel Cal quando, já depois da demissão, veio falar nas redes sociais num Sporting em modo “foguete”, que estava imparável. Enfim, são apenas garotos deslumbrados, a quem foi dado um brinquedo que não sabem como funciona. O futebol “fácil, fácil”, nas palavras de Frederico Varandas, não existe. No futebol pouco interessa o que se faz nas primeiras 10 jornadas, ou nas 10 jornadas do meio. Interessa é como acaba. E para o Sporting acabou de tal forma mal que me recuso aqui a fazer a lista de recordes negativos que conseguimos, repito, na pior temporada da nossa história.
2 – OS TREINADORES. Silas teve como primeiro adversário o D. Aves; Rúben Amorim começou a aventura Sporting precisamente frente ao mesmo opositor. Silas entrou para um Sporting 5º classificado e deixou-o na 4ª posição. Rúben começou e terminou no 4º lugar. Silas nos primeiros 11 jogos à frente da equipa somou 21 pontos na Liga. Rúben fez de leão ao peito os mesmíssimos 11 jogos, e contra os mesmos adversários. Somou… 21 pontos. Goste-se mais de um ou outro, a verdade é que em matéria de resultados, e no futebol é isso que conta, fizeram igual. Silas ganhou 7 jogos e perdeu 4; Rúben ganhou 6 jogos, empatou 3 e perdeu 2. Não considero como bons os resultados de Silas, bem pelo contrário, mas os de Rúben também não o foram. Era evidente que com Silas o Sporting não ia lá. Mas é evidente que com Rúben chegamos ao destino que desejamos? Para mim, está longe de o ser.
3 – AS CONSEQUÊNCIAS. Ficar fora do pódio da Liga não veio mesmo nada a calhar para quem queria vender o ‘projeto formação’ como uma grande vitória. Sejamos claros: os miúdos foram lançados porque, a dado momento, ficou claro que têm mais qualidade do que as nulidades contratadas em ano e meio e que custaram 43 milhões de euros! Mas lançar estes miúdos no meio de tanta mediocridade é estar a ‘matá-los’. Apesar de tudo, numa época desastrosa, o Sporting recebeu uma excelente notícia: Max é guarda-redes top e só tem de continuar a ser o dono da baliza. Mas, então, para quê contratar Adán e gastar com ele 2 milhões por ano em salário bruto? Para Max aprender com ele? Com um guarda-redes que não jogou nos últimos dois anos? Não brinquem com o dinheiro do Sporting! Aquilo que Max já é como guarda-redes, Adán nem perto disso andou em momento algum da carreira dele. Teve o seu pequeno momento de glória quando José Mourinho quis afrontar Casillas no Real Madrid. Nada mais.
O problema aparentemente inultrapassável neste Sporting é este: os erros sucedem-se, cada vez de forma mais gritante, e não há consequências para ninguém. Os medíocres vão-se defendendo uns aos outros e por lá continuam.
P.S. Maria Serrano, elemento do Conselho Diretivo com a pasta dos Núcleos, deu uma entrevista ao Jornal Sporting, publicada na última edição. Foi-lhe perguntado várias vezes e de diversas formas, como poderia o Sporting ajudar os Núcleos a manterem as portas abertas ou a crescer. A resposta concreta nunca surgiu. Apenas aquele tipo de palavreado que as Miss Universo utilizam no concurso, ao pedir paz no Mundo e alimentos para todos. Maria Serrano adaptou o discurso ao tema e teceu loas aos Núcleos, mas dizer o que fazer, como fazer, está quieto. Um vazio absoluto de ideias. Imagino, portanto, o tempo que a senhora gasta a pensar em soluções, ou a capacidade que tem para as encontrar… Ah, mas conseguiu colocar a cereja no topo do bolo ao explicar que i-voting também serve para ajudar os Núcleos. Percebeu-se que o périplo desta senhora pelos Núcleos (por alguns…) serviu apenas para os enganar com a história do i-voting. É que se algo pode ajudar a desenvolver os Núcleos é precisamente o voto electrónico presencial (como já se faz no nosso Estádio) no maior número possível de locais. Porque isso, sim, iria dar maior visibilidade e maior movimento aos Núcleos. Estreitaria a relação do Sócio com o Núcleo. O i-voting, que permite a cada um votar a partir do seu próprio telemóvel, ajuda os Núcleos em quê? Se esta gente tivesse tanta capacidade para gerir o futebol como tem para mentir aos Sócios, hoje estaríamos a festejar o bicampeonato!
José Ribeiro