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Por Este Rio Acima

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Por Este Rio Acima é o nome escolhido por Henrique Saraiva, para a viagem que ligará Lisboa a Cedillo, Espanha, sempre junto ao Rio Tejo, ao longo de 400 km

O próximo desafio que Henrique Saraiva, autor de Viagens ao Virar da Esquina, se propõe concretizar é a subida do Rio Tejo. Como é seu estilo, esta viagem tem a duração de apenas um dia.

Desde a barra em Oeiras até Cedillo perto de Nisa, local onde o percurso do rio passa a ser exclusivamente português, num trajeto com cerca de 400 km, serão percorridas as 15 travessias que sucessivamente permitem saltar de uma margem para a outra: 13 pontes e 2 barragens.

A partida está agendada já para a próxima sexta-feira, dia 17 de julho e a moto eleita para este desafio será a Suzuki Katana, cedida pela MOTEO SA, o representante oficial da marca para Portugal.

Serão percorridas maioritariamente estradas nacionais e municipais onde a diversidade da paisagem será outro dos atrativos da viagem: da zona urbana da capital, às lezírias ribatejanas e final nas serranias da Beira e Alto Alentejo, sempre pontuada pela presença do Rio Tejo.

Para acompanhar tudo numa das próximas edições da MOTOJORNAL!

Podem acompanhar também em Viagens ao Virar da Esquina

At https://motojornal.pt/

Artigo de opinião: “A ministra, o barrete e a pega”

joaquim-nascimentoO que agora nos governa são políticas exclusivas em que o preconceito ideológico está ao serviço do mais primário sectarismo e em que a ministra não só não sai em defesa da cultura do seu país, como é ela própria a intérprete da agressão.

O mantra “entendamo-nos”, ou o ainda mais imperativo “entendamo-nos bem” fazem parte da linguagem fria frequentemente utilizada no discurso autoritário de uma certa clique que se tem por vanguardista e sabichona para policiar e chamar à razão as massas. Em aparente paradoxo, o pacote proveniente do espectro político mais frequentado por estas luminárias costuma também trazer uma atitude religiosa consubstanciada na utilização de uma moral de culpa tão tipicamente judaico-cristã. Insuportáveis, na sua unção, gostam então de se pôr a julgar: Aficcionado? Culpado de crueldade. Come carne? Culpado das alterações climáticas. Caçador? Culpado de atentar contra a biodiversidade. Agricultor? Culpado pela insustentabilidade. Feliz? Culpado pelo desuso. Isto é, o rabo racional esconde o gato inquisidor e, quando acaba a assumir responsabilidades governativas, o felídeo faz questão de não deixar os seus créditos por garras alheias.

Forcados

Há já quase dois anos, qual Rá, chegou para nos iluminar a actual ministra da Cultura. Dando-se ares de quem das coisas do campo sabe que serão “tipo uma maçada com vegetação, bichos e assim”, trouxe, no entanto, com ela um verdadeiro estado da arte na produção de “civilizações”. Recentemente, foi ao indigenato transtagano que ela concedeu a honra de pastorear na sua descida até à planície. Embora entre Évora e Elvas lhe tenham ocorrido diferentes versões da esfrega, veio então a Sra. ministra mostrar-nos como funciona o departamento da cultura democrática.

“São palavras ofensivas e atacam as pessoas que têm uma paixão e um sentimento positivo por uma prática que no nosso país é considerada cultural”. Esta foi a pronta resposta do ministro da Cultura espanhol ao dono da empresa Neat Burger, mais conhecido por ser o actual campeão mundial de Fórmula 1. Esta empresa comercializa hamburgers vegan e as ofensivas palavras “verdadeiramente repugnante, Espanha!” surgiram num post ao lado de um touro de lide morto que seguramente não seria destinado a ser servido nos seus restaurantes. Como agora em Espanha, em Portugal também já tivemos autoridades como o Presidente Jorge Sampaio a providenciar as adequadas condições para o enquadramento institucional da tauromaquia a partir da dialéctica que deve ser intrínseca a estas temáticas. Chamou-lhe “pluralismo cultural”, por forma a promover a diversidade e a tolerância de políticas inclusivas.

Em vez disso, o que agora nesta matéria nos governa são políticas exclusivas em que o preconceito ideológico está ao serviço do mais primário sectarismo e em que a ministra não só não sai em defesa da cultura do seu país, como é ela própria a intérprete da agressão. “Há valores civilizacionais que diferenciam políticas” e “a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização” são pérolas retóricas com que nos acossou na Assembleia da República antes de vir a Évora para, de forma acintosa e grosseira, se recusar a receber um barrete de forcado da parte do “incivilizado” grupo desta cidade-museu e património mundial UNESCO.

É que Évora, sendo uma cidade histórica, é também cosmopolita e expoente de uma moderna ruralidade e aquele barrete de forcado era bem a representação dessa síntese de tempos e de gentes no centro do amplo espaço cultural nacional do touro bravo. Se é legítimo o desacordo individual de alguém que, por receber um barrete de forcado teme ser sugada para uma máquina do tempo que a transporte até à Idade da Pedra, da ministra da Cultura de um país civilizado são inaceitáveis a acrimónia, a soberba e a falta de respeito a um símbolo identitário com as cores nacionais. É duma reminiscência de origem militar que procede a farda de forcado. Pontuada pelo vermelho por referência ao perigo, ao sangue mas também à paixão, tem três elementos principais: o barrete verde e o calção cor de trigo simbolizando os ciclos contínuos de uma natureza perene com o que nela começa verde para depois amadurecer, e a jaqueta com as ramagens a aportarem uma estética significativa da capacidade do Homem para elaborar em complemento ao que é natural.

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Ficando assim qualificada a indumentária para a solenidade, é, no entanto, o barrete a peça de maior protagonismo. Distingue o forcado da cara na pega, é com ele que é feita a saudação aos representantes do Estado através da Inspecção Geral das Actividades Culturais e serve também para a dedicatória prévia e posterior agradecimento dos aplausos. Por ser a peça de maior significado institucional, a jaqueta é devolvida ao grupo no fim do tempo de participação do forcado. Já o barrete é guardado como relíquia pessoal para poder ser passado de geração em geração, até ser recusado pela Ministra da Cultura do mesmo país em que é um símbolo cultural. Para além disso, é também a síntese de um sistema de valores tal como ele vem sendo divulgado a partir de 1915. Deste então, com a sua fundação, o Grupo de Amadores de Santarém, estabeleceu as actuais referências técnicas, estilísticas e comportamentais para os intérpretes da moderna arte de pegar touros e por isso já foi condecorado por três presidentes da nossa República.

Haverá desconsideração pela condição da mulher em Podence porque os diabólicos Caretos perseguem e chocalham as raparigas no Entrudo? Será a Falcoaria um anacronismo por ser uma forma de caça com luta entre animais? E será para estes humilhação a Arte Chocalheira? O Cante alentejano ser quase sempre interpretado por homens e os Bonecos de Estremoz serem originariamente só feitos por mulheres porão problemas de desigualdade de género? A questão é qual o enquadramento adequado e em que plano é relevante estas matérias serem analisadas. Porque se para a UNESCO há justiça na sua classificação como património cultural imaterial da humanidade, para a nossa sensível e ensimesmada ministra, o mais provável é haver também por aqui problemas com os “valores civilizacionais”.

A tauromaquia é uma das genuínas expressões culturais que enriquecem o nosso país, devendo por isso encontrar representação e ser acarinhada no ministério da cultura. Tendo também ela a sua principal expressão na geografia e no caldo cultural que já ofereceu a Portugal a maior parte do nosso património cultural imaterial da humanidade. Se somos assim culturalmente tão reconhecidos pela UNESCO, por que vem cá a nossa própria ministra da Cultura para desconsiderar e discriminar sem a mínima civilidade e em completa ausência de sentido de Estado?

Diletante, começou por nos informar que havia 170 obras de arte no seu ministério que não se encontravam desaparecidas, do que precisavam era de uma localização mais exacta! Negligente, já em pandemia, propôs um Festival de Artistas Confinados TV Fest, em que num esquema de pirâmide, a cada artista caberia indicar os seguintes a actuar! Trapalhona, arranjou confusão não só com os critérios que lhe permitiram eleger as Edições Avante para ajudas covid-19 à comunicação social, mas também com as contas no apuramento dos montantes para a atribuição desses apoios extraordinários! Refém do politicamente correcto, não consegue a sra. ministra inspiração que lhe desentorte um ministério disfuncional e asséptico, nem desígnio que possa oferecer à cultura do seu país! Inconsciente, no seu radicalismo afectado, não se dá conta que a sua incompetência técnica e a sua falta de elevação acabam a alimentar um radicalismo oportunista de sinal contrário, ultramontano e demagogo. Alguém disse que “decente é não tratar mal ninguém”. Se à Sra. ministra custa a inteligência, ao menos lhe valesse a decência para a demissão.

Agricultor (Olivicultor – Ervedal-Avís)

At https://www.publico.pt/

Forcados e toureiros também vão a Elvas amanhã

 

maxresdefaultOs chefes de estado de Portugal e Espanha vão estar presentes, amanhã, dia 1 de Julho, na cerimónia de abertura das Fronteiras. Os presidentes da ANGF e o da ANT apelam a que todos os profissionais da tauromaquia estejam presentes no Castelo de Elvas, pelas 10h30, onde se vai realizar a cerimónia.
“Mesmo sendo em cima da hora era bom estarmos presentes para continuarmos a ser vistos e reivindicarmos aquilo a que os nossos governantes nos têm vindo a privar, medidas de retoma da actividade iguais aos restantes sectores culturais. Devermos estar as 10h00 junto à entrada do castelo de Elvas. É importante a presença de todos os que se puderem juntar. Deveremos ter especial atenção ao distanciamento social e ao uso de máscara”, revela o comunicado da ANGF.

Tauronews contactou o presidente da ANGF, Diogo Durão, que irá estar presente na cerimónia. “Embora seja um dia de trabalho normal e numa altura em que precisamos todos de trabalhar, espero que os que são profissionais do sector da tauromaquia estejam presentes”, começa por revelar Diogo Durão. E acrescenta: “Os Forcados, embora sejam amadores vão estar presentes”.

Quem também vai marcar presença são os toureiros, segundo Nuno Pardal, Presidente da Associação Nacional de Toureiros que avança à Tauronews: “Já convoquei todos os profissionais a estarem presentes pelas 10h15 ao pé do Castelo de Elvas. Eu vou estar presente e acredito que os toureiros também vão, afinal temos que continuar a lutar pela tauromaquia!”.

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Os Verdes amanhã em Elvas em contestação contra Almaraz

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ENCERRAR #ALMARAZ! – Amanhã em #Elvas – Voz de Os Verdes na Abertura das Fronteiras!

🌻 #OsVerdes marcarão presença, amanhã de manhã, durante o decorrer das cerimónias oficiais de reabertura das fronteiras, junto ao Caia, em Elvas, a exigirem o encerramento de Almaraz.

Leia aqui: http://www.osverdes.pt/pages/posts/encerrar-almaraz—amanha-em-elvas—voz-de-os-verdes-na-abertura-das-fronteiras-11095.php

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Faleceu José Chambel Tomé

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NOTA DE PESAR

A UGT Portalegre, através do seu Secretariado distrital e restantes Órgãos Sociais, vem por este meio manifestar o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento, durante a noite de hoje, do seu anterior Presidente, José Chambel Tomé, numa altura em que esta organização regional completa 10 anos.

Fundador da UGT Portalegre a 17 de Abril de 2010, foi seu Presidente durante dois mandatos, com eleição para um segundo mandato em 10 de Maio de 2014, de que decorre a inauguração da actual sede a 30 de Outubro de 2015, tendo desenvolvido as actividades na organização durante os mandatos nacionais dos Secretários Gerais João Proença e Carlos Silva.

Neste momento de dor, a UGT Portalegre solidariza-se com a sua esposa, filhos e netos, e restante família e amigos, a quem apresenta as mais sentidas condolências, e agradece todo o trabalho e dedicação prestados a esta organização ao longo destes anos.

O Presidente da UGT Portalegre

Marco António Barreto Lourenço de Oliveira

Artigo de opinião: “De Vilamoura ao Ameixial, uma viagem pelo imaginário serrano!”

Antonio Covas 834924Alimento a esperança de que os mais jovens, mais do que turistas ocasionais, sejam também viajantes, mas, sobretudo, agentes inovadores em projetos de interesse comunitário.

Eu costumo dizer que os territórios não são pobres, estão pobres, num determinado período histórico da sua existência. Além disso, na sociedade do conhecimento, os nossos principais problemas são problemas ou défices de conhecimento.

Acresce que, na sociedade do século XXI, estamos bem-dotados de conhecimento, cultura e criatividade que podem ajudar a mitigar, adaptar e transformar um território, por mais remoto e agreste que ele seja.

É, assim, também, no interior do concelho de Loulé. Em escassas dezenas de quilómetros passamos do universo cosmopolita de Vilamoura, cheio de glamour e pastiche, para o universo remoto e invisível do velho mundo, pleno de histórias e memórias que o tempo apagou.

Esta viagem pelo interior do concelho de Loulé é uma metáfora ao imaginário da serra do Caldeirão e serve apenas para ilustrar a minha ideia de que há uma complementaridade virtuosa entre o litoral e o interior, desde que, obviamente, nos mobilizemos politicamente para resolver o problema.

O sistema operativo do Caldeirão

O Algarve foi quase sempre, como sabemos, lido e praticado na horizontal, seja na linha de costa, na EN 125, na A22 ou na EN 124. Vamos, desta vez, procurar lê-lo na vertical. Façamos, então, uma viagem imaginária e imaginemos que:

1) O concelho de Loulé assume politicamente que a justiça ambiental e a justiça social estão gravemente postas em causa na economia rural do barrocal-serra e, em particular, na serra do Caldeirão; o município assume este desafio como um imperativo categórico, não apenas no campo da mudança climática e da ecologia fundamental, mas, também, nos campos da economia rural e da solidariedade social;

2) A freguesia do Ameixial é eleita como a sede de um ecossistema operativo inovador para a Serra do Caldeirão; trata-se de um projeto de investigação-ação envolvendo, numa primeira fase, o município de Loulé e, numa segunda fase, os municípios do Caldeirão e os principais atores regionais que, para o efeito, subscreverão uma candidatura comum no quadro do programa de recuperação que se desenha neste momento e tendo como pano de fundo um projeto regional sobre a economia da dieta mediterrânica;

3) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte um centro operacional de silvicultura preventiva; trata-se não apenas de um centro de limpeza de matos e matas para prevenir os fogos florestais, mas, também, de uma unidade de apoio à elaboração do cadastro florestal e à produção de biomassa;

4) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte um centro de ecologia funcional para a biodiversidade e os serviços de ecossistema; trata-se de reabilitar linhas de água e vegetação ripícola, endemismos locais, proteção da fauna e flora serranas, restauração dos ecossistemas e dos serviços de ecossistema (em especial, a compostagem para a produção de solo);

5) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte um espaço de coworking empresarial alimentado por um programa de estágios profissionais; trata-se de uma pequena incubadora para iniciativas empresariais que visem o desenvolvimento económico e social do barrocal serra, em especial, nas áreas agro-silvo-pastoris;

6) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte um complexo pedagógico, recreativo e terapêutico; trata-se de um complexo com campo de férias e trabalho, residências científicas e artísticas e locais para apoio ao viajante e peregrino das caminhadas e dos percursos de natureza;

7) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte, igualmente, um centro de artes e ofícios tradicionais, que é, também, um centro de reutilização de recursos da economia circular e um posto de observação privilegiado das artes da paisagem e arquitetura de amenidades paisagísticas;

8) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte, igualmente, um serviço ambulatório de apoio domiciliário em matéria de alimentação, saúde e segurança, pelos diversos lugares dispersos na serra;

9) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte, também, um centro de acolhimento de animais abandonados, mas, também, de apoio à fauna em risco e que tem o seu habitat na serra do Caldeirão;

10) Do sistema operativo do Caldeirão faz parte, finalmente, um centro de animação turística; trata-se de rever os percursos de natureza do Caldeirão e os seus postos de observação privilegiados e organizar visitas guiadas, em especial, a rota que une os seus cumes mais altos acima dos 500m.

A economia serrana e a dieta mediterrânica

Tudo o que dissemos acerca do sistema operativo do Ameixial e do Caldeirão necessita de uma fonte de alimentação, ou seja, de uma economia de rede e visitação minimamente organizada.

Imaginemos, então, uma economia serrana composta pelas seguintes atividades: a produção de pequenos ruminantes, a cabra algarvia em primeiro lugar, o mel e a transumância das abelhas, o medronho e os frutos silvestres, o pomar tradicional de sequeiro, o figo da índia, os citrinos, as flores ornamentais e comestíveis, as ervas aromáticas e medicinais, os cogumelos, a caça e os produtos da caça, a cortiça e os produtos do montado, a lenha e o carvão, a limpeza dos matos e das matas, o turismo micológico, a oliveira e o azeite, a compostagem, a biomassa e a microgeração de energia, a provisão de serviços ecossistémicos, os festivais das caminhadas, a gastronomia tradicional, a nova dieta mediterrânica. Mas, também, os produtos transformados, o marketing digital e a produção de conteúdos publicitários e pedagógicos associada ao comércio direto e online de todos estes bens e serviços.

Imaginemos, então, que somos capazes de ligar todas estas atividades, que temos um ator-rede com talento suficiente para articular conhecimento, cultura e criatividade e, assim, gerar novas cadeias de valor, de tal modo que o Ameixial e o Caldeirão se tornem parte integrante dessas cadeias de valor e sinais distintivos tão relevantes como Vilamoura ou Vale do Lobo, os sítios da Fonte Benemola e Rocha da Pena, as minas de água e as levadas, as aldeias típicas do barrocal, as estelas e a escrita do sudoeste, os vales e os hortejos tradicionais, para citar apenas as principais.

Retomo aqui o que já escrevi em outra ocasião. Tomemos, por exemplo, as artes tradicionais do barrocal-serra e pensemos no que poderia ser realizado com algumas pequenas inovações tecnológicas e artísticas introduzidas nestas atividades de tal modo que, a partir delas, se pudesse estruturar um mosaico produtivo e uma economia inteligente de rede e visitação turística.

A partir daqui, poderíamos compor uma pequena economia de aglomeração e visitação e, com um sistema de incentivos adequado, atrair para o barrocal serra os neorurais em busca de uma oportunidade.

As artes tradicionais e a economia da dieta mediterrânica

1. As artes do pastoreio da cabra algarvia
2. As artes da queijaria tradicional algarvia;
3. As artes da tirada da cortiça;
4. As artes do varejo e apanha da azeitona;
5. As artes do varejo e apanha do PTS,
6. As artes da apicultura e da melaria,
7. As artes da pisa a pé das uvas;
8. As artes da destilação do medronho;
9. As artes da apanha do figo da índia;
10. As artes da apanha produtos micológicos
11. As artes associadas à poda e ao enxerto;
12. As artes da cosmética tradicional;
13. As artes associadas às ervas aromáticas;
14. As artes associadas às ervas medicinais;
15. As artes da cestaria e da olaria;
16. As artes associadas às flores comestíveis;
17. As artes associadas à pesca artesanal;
18. As artes associadas à caça e à cinegética;
19. As artes da confeitaria e doçaria locais,
20. As artes da culinária tradicional;

A economia da dieta mediterrânica tem de ser equacionada em redor de cadeias de valor, tangíveis e intangíveis, mais do que em torno de produtos específicos e reunir em doses equivalentes conhecimento, cultura e criatividade, quanto baste. Este é o momento do digital, da ecologia e do combate às alterações climáticas, por isso deve ser prestada uma atenção muito especial à biodiversidade, restauração de ecossistemas e a agroecologia.

Deixo aqui alguns exemplos de cadeias de valor que precisam de ser trabalhadas com muita imaginação no terreno, mas, também, pelo marketing digital, seja através de visitas guiadas, jornadas científicas, festivais de caminhadas, programas pedagógicos para os mais jovens e programas terapêuticos para os mais idosos:

– Um dia na floresta da serra algarvia: a apanha dos frutos silvestres e a destilação do medronho conjugado com o turismo micológico e os percursos de natureza e a gastronomia serrana da dieta mediterrânica;

– Um dia nas aldeias da serra algarvia: a colheita das ervas aromáticas e medicinais, a sua preparação e destilação, conjugado com a visita ao apiário e visitas guiadas ao património vivo e museológico das aldeias; à noite a gastronomia mediterrânica e os serões de música e teatro na aldeia;

– Uma jornada científica e cultural no barrocal serra algarvio: visitas guiadas para a observação dos endemismos florísticos e faunísticos do barrocal e serra algarvios, conjugado com percursos de natureza, as paisagens literárias, a gastronomia mediterrânica e os serões culturais de aldeia; importa lembrar que a inventariação e o plano de salvaguarda da dieta mediterrânica obrigarão a criar uma linha de investigação nesta área em particular;

– Um dia na caça: a preparação e a participação numa caçada, a culinária dos produtos da caça, sessões sobre a natureza e a vida selvagem e o turismo cinegético;

– Um dia na rota da cortiça: a tirada da cortiça e a sua transformação industrial, as artes artísticas e decorativas associadas à cortiça, os produtos e a gastronomia do montado, a apanha de flores comestíveis, as sessões científicas, culturais e recreativas associadas à multifuncionalidade do montado;

– Um dia no pastoreio: pastorear um rebanho de cabras de raça autóctone, recolher o leite e produzir o queijo artesanal, provar a gastronomia da dieta mediterrânica, assistir às sessões culturais e recreativas associadas ao sistema agro-silvo-pastoril;

– Um dia no pomar tradicional de sequeiro do barrocal serra algarvio: a apanha do figo, da amêndoa e da alfarroba, a sua preparação e transformação, o artesanato da doçaria tradicional, workshops sobre a doçaria tradicional, a gastronomia da dieta mediterrânica, sessões sobre artesanato local;

– Um dia na vinha e na adega: o conhecimento das boas práticas de produção na vinha, a pisa da uva, o processo de vinificação, a reciclagem de resíduos, os produtos derivados, as provas de vinho e o enoturismo, a gastronomia da dieta mediterrânica associada, sessões culturais, técnicas e científicas ligadas à vinha e ao vinho;

– Um dia no olival e no lagar: o conhecimento das boas práticas de produção no olival, a apanha da azeitona, o processo de transformação no lagar, a reciclagem de resíduos, os produtos derivados, as provas de azeite e o olivoturismo, a gastronomia da dieta mediterrânica associada, sessões culturais, técnicas e científicas ligadas ao olival e ao azeite.

Estes programas curtos podem, ainda, estar associados com programas especiais para o turismo sénior e o turismo para grupos de mobilidade reduzida e ser articulados, por exemplo, com residências artísticas e produção criativa e cultural (semanas criativas e culturais) e, ainda, com programas de educação física de manutenção e tratamento adaptados a grupos especiais e programas recreativos de eventos e espetáculos noturnos de fados, de teatro, de música de câmara, de canto e poesia, de cinema e documentário, campeonatos de jogos de mesa, concursos vários, etc.

Notas Finais

Em tempo de pandemia deveríamos rever os nossos conceitos de economia do turismo e economia rural e olhar para a totalidade de um território de uma forma mais justa e equitativa.

Não se trata, obviamente, de turistificar a serra do Caldeirão, trata-se de ser magnânimo com o interior esquecido e abandonado e tirar partido do grande volume de turistas que visita a linha de praia e sol do concelho de Loulé.

Depois da pandemia temos de pensar menos em termos de “negócio turístico” puro e duro e mais em termos de cadeia de valor de uma região inteira. Voltar ao “velho normal”, frágil em termos de justiça ambiental e justiça social, não seria uma prova de inteligência.

Há cerca de dez anos, o município de Loulé patrocinou um projeto inovador em espaço rural com bastante sucesso na freguesia de Querença designado “Projeto Querença”. Em boa hora, a Fundação Manuel Viegas Guerreiro (FMVG) acolheu esse projeto sob a direção esclarecida do Eng. Luís Guerreiro, entretanto falecido.

A minha sugestão ao município de Loulé é que convide a FMVG, a Junta de Freguesia do Ameixial, a Cooperativa QRER sediada em Querença e vocacionada para este tipo de ações e em conjunto desenhem um projeto para os próximos anos, no âmbito do programa de recuperação europeu e do próximo quadro comunitário de apoio para 2021-2027. Seria, também, uma forma singela de prestarmos uma homenagem devida ao Eng. Luís Guerreiro.

Como disse no início, trata-se de uma viagem imaginária pela serra do Caldeirão. Todavia, eu alimento a esperança de que os mais jovens, mais do que turistas ocasionais, sejam também viajantes, mas, sobretudo, agentes inovadores em projetos de interesse comunitário. É nossa obrigação criar as condições mínimas necessárias para que tal aconteça.

Aos amantes da natureza e aos neorurais da agroecologia serrana, o Ameixial e a Serra do Caldeirão aguardam pela vossa visita.

António Covas

At https://www.sulinformacao.pt/

Artigo de opinião: “Raios, a Inquisição fica-nos tão bem!”

Tanta vez que já escrevi sobre esta realidade, na altura tão remota, do medo que tinha de ver isto a acontecer… E que fizemos? Pouca coisa…

Podia chamar-lhes “filhos de uma grande meretriz”, “ingratos do baralho”, e podia continuar, mas acho que por hoje já é mais que suficiente…

Temos estado só a observar e a tentar digerir tanto tema, tanto assunto, tanta má notícia. Recorrentemente somos obrigados a assistir às sistemáticas faltas de educação da ministra para com esta “nossa” arte, estamos já todos cansados disto.

Hilariante e humilhante para os próprios, foi a sondagem do PAN, pobres coitados, saiu-lhes o tiro…

Sempre existiram ideologias atrozes ou ridículas, mas a mais moralmente
hipócrita numa sociedade que se alimenta fundamentalmente de animais, é o animalismo, levados por interesses puramente comerciais, como o do Bio e do Eco etc… Estes ditos “conceitos” terminados em “os”, onde é que andam agora?

Pois, não quero nem um piu, já se viu que afinal o gado não tinha culpa nenhuma no assunto!

Como diz o admirável e sempre apaixonado Dr. Joaquim Grave na sua brilhante reflexão: “Não me canso de dizer que o futuro do toureio estará a salvo quando a nossa realidade ecológica imprescindível seja conhecida, compreendida, aceitada e positivada pela sociedade portuguesa. (…) Esta é a nossa arma secreta e por muito que nos surpreenda, ninguém a conhece. Hoje não nos reconhecem como ecologistas, mas sim como mal tratadores de animais.”

Agora aprendam, se conseguirem!

A tauromaquia é o exercício de liberdade de um ritual, com um sentido profundo, mas que enfrenta uma sociedade que quer ser asséptica, inodora e incolor, e que estamos a ser engolidos pela globalização por uma cultura que não quer falar da morte, quando a tauromaquia é vida e morte. Tudo se resume a uma leitura superficial e hipócrita…

A tauromaquia nem sequer é um tema, não é uma questão, é o não assunto da banalidade – como não é assunto a gordura, a altura, o penteado ou a classe social, que produz todo o tipo de exemplares. 

Assim tem vindo a ser tratada… Assistimos a um protesto dos nossos profissionais no Campo Pequeno e bem, mas desde a história do IVA e da sinalética nas ruas em Lisboa que já se adivinhava o pior. Foi só aproveitar a maré, e o maldito vírus fez o resto do trabalho sozinho!

Será que agora é que as personagens estão a sair debaixo das pedras? – para o bem e para o mal, anda tudo a sacudir a vida e até a sanidade. Venha vida nova, vamos acreditar!

Só que entretanto, atiram-nos umas migalhas para nos sossegar e aguardar, como sempre.. Andam a brincar com gente séria que se manifesta de forma digna, atirando tostões para calarem os insurgentes.

Geração mimada de vidrinhos, qualquer coisa, ficam ofendidos e partem-se e amuam e destroem tudo o que não gostam. Ah esperem, na Inquisição também era assim…

Bem-vindos à Idade Média, pessoal! Isto está a ficar um mimo!

Onde é que andam os “Je suis” agora? Qual é a diferença entre ser terrorista islâmico ou nacional se destroem estátuas e culturas na mesma e são só primatas? É a causa que os distingue? Ou não é politicamente correcto?

É a mesma treta das minorias, mas quem é quem para achar o outro precisa de ser protegido em tom paternalista? Porque é superior? Desculpem lá, mas daqui à censura total é um tirinho, e apagar a História toda, outro!

Cá para mim, não passam de pessoas que não gostam delas, estão
militantemente deprimidas, descarregam nos outros e inventam “causas”, as tais que abominamos.

Mas as nações não se fazem com os erros? Temos que ser protegidos da História também? Mas que diabo, onde foi que errámos como sociedade para se chegar ao ponto de existirem criaturas que não entendem que não podem alterar e muito menos reescrever a História?

E tudo o que magoa, tudo o que não se gosta, solução, apaga-se! Perfeito, cambada de vidrinhos assépticos, primatas, egoístas, hipócritas e o pior de tudo, ignorantes!

São os mesmos que aplaudiam os polícias no início da pandemia e agora os maltratam?

Deviam todos, mas todos, ir limpar as estátuas com álcool gel para ser mais difícil e ir para o campo, dar beijinhos a toiros bravos, e só saírem de lá quando conseguirem.

E sem qualquer tipo de pretensão sindicalista, ou nos juntamos à séria e defendemos a Festa, ou estamos a caminho do que já tivemos o infortúnio de vislumbrar.

Não sou ninguém para fazer o que quer que seja, mas sou mais uma! E mais uns e mais umas, fazem muitos!

Vamos deixar de lado o “não-quero-saber”, abandonar a carneirada, arregaçar as mangas e fazer alguma coisa? Ou vamos continuar a colocar arco-íris coloridos à janela e acreditar que vai ficar tudo bem?

Em Espanha foi o que se viu, multidões na rua, a reter do discurso para lá de lúcido e assertivo, “Somos el mundo del toro, somos brutos y sabios, del sol y la sombra, de derechas y de izquierdas. Somos de la calle, de la cuerda y de la plaza” 

“Nuevos poderosos, en nuevos tribunales de inquisición, pretenden de nuevo prohibirnos. Pero tampoco podrán, porque la cultura no se censura, la cultura no se puede limitar, la cultura no se puede reprimir”.

Nada disto é talento ou fatalidade. 

E se algumas vezes fico triste por ser portuguesa por conta deste lixo eleito que nem todos fizeram por merecer, não duvido que este é o princípio do seu fim.

Vai ter de ser, acredito no poder evolutivo de todas as coisas, eternamente ligadas pelo mesmo umbigo da terra, e não pseudo-coisinhos-prepotentes-e-nada-democráticos.

Encolher os ombros não melhora o mundo, este não muda sozinho, muito menos o faz avançar. Sejamos a pessoa que queremos à nossa volta. Sempre. 

Os Espanhóis defendem o que é “nosso” com unhas e dentes, e nós? Vamos ser os Ingratos deste Baralho?

Ester Tereno