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Artigo de opinião: “Porque o interior não é uma fatalidade – é uma oportunidade”

hugo-corQuem te viu e quem te vê. Em alguns anos, aquilo que era uma situação muito preocupante em Ponte de Sor, em 2009, à data do encerramento da Delphi, empresa do setor automóvel e a principal empregadora do concelho, transformou-se em 2020 numa realidade de otimismo e num horizonte de crescimento. O obstáculo, que não era pequeno, deu lugar à oportunidade, que é grande.

Nesta década, além do esforço de recuperação e apoio do investimento nos setores mais tradicionais do concelho – no agroalimentar, no agroflorestal, com destaque para a indústria da transformação da cortiça, que é agora o maior empregador da região -, em Ponte de Sor conseguiu-se pensar em novos voos, literalmente, e depois concretizá-los.

Com efeito, aquilo que é atualmente o cluster aeronáutico de Ponte de Sor, com investimentos de dezenas de milhões de euros no seu conjunto e um evento anual de referência a nível mundial – o Ponte de Sor Portugal Air Summit -, e com uma força de emprego de várias centenas de pessoas, na sua maioria altamente qualificadas, deu não só um forte impulso anímico e económico a toda a comunidade pontessorense, como também permitiu colocar o concelho no topo da lista daqueles que em todo o território nacional mais reduziram a sua taxa de desemprego.

Em Ponte de Sor, aterra cada vez mais investimento

Não podemos dizer que a aviação foi uma oportunidade que caiu do céu, porque a verdade é que deu certamente muito trabalho, a quem tem responsabilidades públicas, conseguir fazer deste cluster da aeronáutica o que ele é hoje em Ponte de Sor. Mas é um facto que tem ajudado a evitar a turbulência e a dissipar as nuvens negras que se observam em muitos territórios do interior de Portugal. Em Ponte de Sor, o interior não é uma fatalidade – é uma oportunidade.

Com a aeronáutica vieram mais investimentos e mais recursos humanos, e também mais possibilidades de requalificação dos recursos humanos do próprio concelho. Com este cluster, não o esqueçamos, Ponte de Sor passou a ter ensino superior, com a Escola de Aviação no Aeródromo Municipal, o que leva à fixação e à atração de população e conhecimento, à criação de competências e a condições de emprego e de vida com uma visão apontada ao futuro.

Ao mesmo tempo, com o Portugal Air Summit, Ponte de Sor conquistou, no concurso Município do Ano 2019, o prémio “Projeto da Região no Alentejo”. (A quarta edição do Portugal Air Summit realiza-se de 7 a 10 de outubro.)

Em suma, a aeronáutica, de certa forma, deu asas à Ponte de Sor do século 21.

Um concelho com condições para ganhar no século 21

Acresce que os preços do metro quadrado dos terrenos e das casas são ainda extremamente competitivos por comparação com outras realidades nacionais. Além da oferta imobiliária, também as ofertas de saúde, de hotelaria e restauração, têm, crescentemente, procurado acompanhar o dinamismo da sociedade e da economia do concelho. O mesmo acontece com os serviços públicos, os equipamentos coletivos, a área social, que se vão preparando para a nova atualidade do concelho.

Havendo emprego, havendo soluções de ensino, havendo centralidade geográfica (estamos a pouco mais de 1h de Lisboa e a 1h de Espanha), e havendo condições de qualidade geral de vida, Ponte de Sor é, e será cada vez mais, uma cidade atraente para as famílias se instalarem e aqui construírem o seu futuro. E é bom lembrar que a albufeira de Montargil é todo um tesouro natural à parte, completo com praia fluvial e muitas outras valências.

É preciso também dizer que a comunidade tem sabido receber e integrar a população que veio de fora, de outras regiões do país e dos quatro cantos do mundo. Nisso, Ponte de Sor um exemplo do melhor da alma portuguesa, de um dos elementos que é sempre valorizado por quem visita Portugal – o sermos hospitaleiros, calorosos e interessados.

Ponte de Sor está hoje uma cidade mais cosmopolita, em que nas ruas, nos cafés, nos restaurantes se falam várias línguas, em que os naturais do concelho e os novos pontessorenses globais se relacionam com gosto e facilidade. Em 2020, é uma cidade longe dos problemas e dos conflitos de outras paragens – longe da xenofobia, das tensões por causa da origem de cada um. Ponte de Sor é, com orgulho, um modelo de integração social e económica, em que as oportunidades são para todos os que queiram aproveitá-las.

Cada vez mais, a ‘oportunidade a quem a trabalha’

Em tempos, dizia-se ‘a terra a quem a trabalha’. Em 2020, pode dizer-se de Ponte de Sor que é uma terra da ‘oportunidade a quem a trabalha’.

A palavra importante, aqui, é mesmo oportunidade. Oportunidade para quem vem de fora, é certo, mas igualmente oportunidade para quem está – para quem intervém, organiza, gere, ajuda, projeta – de usar o que já foi feito para criar novas oportunidades para a região. Porque este é um trabalho que nunca está concluído. E o que funciona em determinado momento pode não ser o que funciona num momento futuro.

Para continuar nesta trajetória, ser capaz de ter capacidade de adaptação e de atração dos recursos, dos conhecimentos, das redes que melhor vão servir Ponte de Sor amanhã é uma competência de valor incalculável. Porque se calcula em benefício global para uma comunidade e para uma região inteiras. Porque é aí que está a base estrutural para um elemento decisivo neste caminho – todo o marketing territorial estratégico da região. E porque é assim, nesta cidade banhada pelo rio Sor, que se constrói uma Ponte sólida para o futuro.

Hugo Oliveira Ribeiro

Diretor Geral do HBR Group

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Greenrail ou o conceito de transformar as linhas férreas em produtoras de energia limpa

Temos vindo a conhecer muitas novidades no que toca à produção de energia limpa. Principalmente estruturas dedicadas ao segmento automóvel, como estradas produtoras de energia, estações de abastecimento também elas produtoras e várias tecnologias nos próprios veículos. Portanto, tudo serve para acolher aquilo que o Sol e outras fontes limpas nos oferecem. Assim, ter as linhas de comboio a produzir também é uma excelente ideia.

Apareceu pela mão da empresa Greenrail uma solução que utiliza tecnologia inovadora para tornar as travessas das linhas mais eficientes, reduzir o desperdício e gerar energia limpa.

Seguramente ainda se lembra do que falámos no passado ano, que fechamos há poucas horas. Estradas produtoras de energia, carros que deixam os motores térmicos, barcos que agora são elétricos e até aviões que não queimam combustível fóssil.

Há um combinar de tecnologias. Se por um lado a ideia é deixar de poluir com a combustão dos derivados do petróleo, por outro percebe-se a necessidade de ampliar a rede de produção destas energias limpas.

Linhas de comboio que também produzem energia solar

Já imaginou quantos milhares de quilómetros existem em Portugal de linha férrea? E no mundo? É um ideia interessante usar este espaço da linha para recolher energia. Assim, uma empresa teve a iniciativa de criar uma solução que dá uma utilidade acrescida às travessas que fazem parte da linha dos comboios.

Embora a inovação, o design e a tecnologia tenham transformado a maioria das indústrias tradicionais, algumas coisas têm permanecido as mesmas durante séculos. Na indústria ferroviária, as travessas de madeira ou de betão permaneceram praticamente inalteradas desde que foram introduzidas no início do século 20. Não está na hora de evoluir esta estrutura?

Como surgiu a ideia de travessas produtores de energia?

Em 2005, Giovanni De Lisi, um trabalhador italiano de manutenção e instalação ferroviária, teve uma ideia que poderá mudar o padrão de toda a indústria, introduzir a economia circular e fazer a transição da indústria para a neutralidade de carbono.

Greenrail, uma empresa recém-criada com sede em Milão, produz travessas de betão com uma mistura de plástico reciclado e borracha de pneus ELT (End of Life Tires). Através do seu processo de economia circular, cada quilómetro de linha ferroviária feita pela Greenrail permite a reciclagem de 35 toneladas de plástico e pneus usados.

Economia Circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável.

As travessas inovadoras reduzem os custos de manutenção em cerca de 50% porque “o plástico reciclado e a capa de borracha ajudam a reduzir o desgaste do lastro da via, absorvendo vibrações, diminuindo o movimento lateral das linhas e aumentando a capacidade de carga em 40%”, explicou o fundador e CEO da Greenrail De Lisi em entrevista à EJinsight.

Mais que reciclar é possível produzir energia limpa

Embora estas características de reciclagem fossem suficientes para as tornar muito interessantes, outra ideia equipou de sobremaneira estas estruturas e podem ser uma revolução. O empresário italiano decidiu transformar esta peça passiva numa infraestrutura de produção de energia.

A Greenrail Solar integra painéis solares que convertem a infraestrutura ferroviária numa central fotovoltaica. Conforme foi descrito, esta “inovação”, utiliza um sistema piezoelétrico para gerar eletricidade durante a passagem de um comboio. Uma terceira versão, Greenrail Linkbox, envia dados para diagnósticos em tempo real, melhorando a segurança e a manutenção preditiva dos caminhos de ferro.

Cada quilómetro de travessas solares Greenrail pode produzir 35 MWh por quilómetro, energia suficiente para suprir as necessidades anuais de eletricidade de 10 residências. Considerando que só na Europa existem aproximadamente 380 milhões de travessas de betão, o potencial pode ser enorme.

Projetos piloto estão já a produzir energia

Embora a empresa tenha começado a expandir-se em mercados de alto potencial como os EUA, Índia, Austrália, Brasil, Rússia, Uganda e Cazaquistão, em setembro de 2018 abriu o seu primeiro troço piloto de travessas inteligentes na linha Reggio Emilia – Sassuolo, Itália.

Desde então tem afinado e melhorado a tecnologia. Nesse sentido, poderemos num futuro próximo ver as linhas de comboio com outro aspeto, de passivas a ativas na produção de energia.

At https://pplware.sapo.pt/

Zonas rurais “perderam 40% ou mais” de população nos últimos 30 anos

Pisão

Algumas zonas rurais do Alentejo, Centro e Norte do país “perderam 40% ou mais” de população nos últimos 30 anos, caracterizando-se atualmente por uma elevada proporção de idosos sobre os jovens, indicou a especialista em Geografia Paula Santana.

“A variação da população foi mesmo negativa em 68% dos municípios e foi positiva em apenas um terço, em 32%”, disse à agência Lusa a coordenadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, Paula Santana, apontando que este é “um fenómeno mais rural do que urbano”.

“O território é muito desigual na distribuição da densidade populacional e, falando apenas do continente, há 20 municípios com densidade inferior a 10 habitantes por quilómetro quadrado”, mencionou.

Segundo a professora da Universidade de Coimbra, no Alentejo e Centro há alguns concelhos rurais que têm densidades populacionais entre os quatro e sete habitantes, como é o caso de Alcoutim, no distrito de Faro, em oposição a cidades como a Amadora, no distrito de Setúbal, que atinge mais de sete mil habitantes por quilómetro quadrado.

Outros exemplos desta baixa densidade populacional são os municípios de Gavião e Nisa, no distrito de Portalegre, Idanha-a-Nova e Penamacor, em Castelo Branco, ou Castanheira de Pera, pertencente ao distrito de Leiria.

Na visão da especialista, está a criar-se nestes territórios uma situação de “risco demográfico”, causada pela perda de residentes, que se acentuou com a emigração da população ativa nos últimos 10 anos, com a baixa taxa de natalidade e fecundidade e com o aumento da esperança média de vida, que ultrapassa os 80 anos.

“Em algumas áreas rurais existem quase três idosos para um jovem, o que é mais do dobro do que existe nas áreas urbanas. Não estou a dizer que existem pessoas com mais de 65 anos em número absoluto nas áreas rurais, mas que a proporção de idosos sobre jovens é muito agravada nestas zonas”, explicou.

Ainda assim, Paula Santana referiu que “Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa e do mundo”, tendo em 2018 “mais de dois milhões de indivíduos com mais de 65 anos, em 10,3 milhões de habitantes”.

“Este número vai aumentar muito, estima-se que em 2040 seja quase 40% neste grupo de idade. É de facto um alerta que todos devemos ter. É um resultado da melhoria das condições de vida e uma conquista do século XXI, mas temos de ter presente que as pessoas não querem só viver mais anos. Querem viver mais anos com felicidade, serem criativos e úteis, mas é isso que às vezes falha”, apontou.

Para a responsável, esta situação de “risco demográfico” levanta “múltiplos desafios ao país”, havendo a necessidade de serem criadas “políticas de promoção do bem-estar ao longo dos ciclos de vida”, não só para quem ainda vive nas zonas rurais, mas também para atrair novos residentes.

A implementação destas medidas, acrescentou, “é o papel dos governos locais, em articulação com os governos regionais e centrais”.

Nas últimas semanas, a regionalização tem sido apontada como uma solução para os problemas demográficos existentes no país, contudo, Paula Santana escusou-se a comentar o tema, afirmando que se encontra “dividida”.

O debate sobre este assunto acentuou-se depois do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), realizado em novembro, na cidade de Vila Real, onde os municípios aprovaram uma proposta de “criação e instituição de regiões administrativas em Portugal”.

Contudo, o primeiro-ministro, António Costa, já remeteu o processo para a próxima legislatura, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter pedido cuidados na abordagem da criação de regiões.

At https://24.sapo.pt/

Redução? É o que mais faltava. Nunca deveriam era ter existido

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Deputados do PS de Castelo Branco querem que Governo prossiga redução de portagens

Os deputados do PS eleitos por Castelo Branco querem que o Governo prossiga com uma política de redução dos valores das portagens, nomeadamente na A23 e A25, foi hoje revelado.

Em comunicado enviado à agência Lusa, é explicado que os três deputados do PS eleitos pelo círculo de Castelo Branco, Hortense Martins, Nuno Fazenda e Joana Bento, subscreveram um projeto de resolução que recomenda ao Governo que continue a adotar uma política de aprofundamento de redução dos valores das portagens, correspondendo assim aos compromissos do partido para com os concidadãos do distrito.

“O Governo atual manifestou já a intenção de prosseguir com uma política efetiva de redução dos valores das taxas de portagens, instituindo assim instrumentos de discriminação positiva como forma de promover a coesão territorial e, em particular, atendendo às especificidades do interior e do distrito de Castelo Branco”, lê-se na nota.

Artigo de opinião: “Bateu certo”

Marco AntónioEntrámos num novo ciclo. O Partido Socialista e os dissidentes do PPD/PSD e do PP/CDS são os grandes vencedores destas eleições, estes últimos porque se conseguem eleger por instituições próprias. Sim, é preciso ter em atenção que os recentes partidos de direita (não de extrema) Iniciativa liberal, Chega e Aliança, juntos, tiveram mais votos que o PAN. Estes que cantam uma vitória com 4 deputados em 230, completamente absurda. Também com a ajuda dos do costume.

Resultante de uma estratégia correcta, ou não fosse António Costa o comandante, o PS teve a maioria que se esperava, com a vitória nas eleições, algo que não ocorreu há 4 anos. Uma vitória sólida que, ainda assim, afasta a possibilidade de (co)ligação ao PAN, para o bem comum dos mortais.

A maior vitória percentual volta a ser para o distrito de Portalegre, dando seguimento à aposta que tem vindo a ser feita pela Federação do PS na imagem dos Presidentes de Câmara, em detrimento dos Presidentes de Concelhia. Ricardo Pinheiro foi extraordinariamente bem escolhido para este combate, e a sua eleição é mais do que justa. Júlio Miranda Calha deixa de ter a bandeira de ser o Deputado mais antigo da nação presente na Assembleia da República, e perde-se também a presença já habitual de Heloísa Apolónia pelos Verdes, e ao lado do Partido Comunista.

Rui Rio tem razão no que diz nas suas reacções, disparando para o sítio certo. O partido ou se quer social democrata, ou os militantes terão que procurar um dos novos partidos liberais de direita, ou mudam finalmente o nome do partido. Santana Lopes estatelou-se ao comprido, aguardando-se por isso, e com expectativa, a tendência das políticas dos próximos anos.

Entretanto, todos sabemos que os velhacos do Bloco de Esquerda “dão o cú e 8 tostões” para terem protagonismo, enquanto Jerónimo de Sousa quer culpar a “Geringonça” pelos resultados obtidos, não compreendendo que ele, sim, é que já está a mais.

A arrogância e prepotência do PP/CDS, mais concretamente da sua presidente (e tanta gente boa que lá tem), resultou no que se viu, o que terá levado também à saída prévia de alguns dos seus grandes seguidores, veja-se o resultado de Pedro Pinto em Beja e do mesmo Chega no distrito de Portalegre, o partido da ruptura com o sistema, à frente do PAN. E que se saiba, o único partido assumidamente de extrema-direita em Portugal é o PNR, que teve menos de metade dos votos do PCTP/MRPP a nível nacional. E, já agora, para que é que serve o Partido Trabalhista?

Vamos esperar um bom mandato, comandado por um partido que pede dirigentes que conheçam a sua história (ou, senão, sejam corridos) e tenham humildade para reconhecer quem lhes deu, instituições e militantes, e dá força, e que seja dada a devida dignidade a quem trabalha. Chega de aumentos de salários mínimos, em prejuízo do aumento dos salários médios, também da classe média. O foco deverá ser nos trabalhadores. É o que se pede a um partido de esquerda.

Partem daqui os votos de um excelente mandato para o Luís Testa e o Ricardo Pinheiro, que garantidamente irão estar na defesa dos interesses do distrito, esse que quer rapidamente o Pisão e um acesso rodoviário e ferroviário digno à sua capital. Isso será o mínimo.

Marco Oliveira

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Artigo de opinião: “Elvas vs Badajoz”

Diogo lvg3uetS_400x400.jpgCerca de 1890, mais coisa menos coisa, Badajoz tinha mais 3 mil habitantes do que Elvas. Hoje, em 2019, Elvas tem cerca de 18 mil habitantes e Badajoz tem 150 mil habitantes.

Duas realidades bem diferentes, lado a lado, separadas apenas pela fronteira entre os dois países. Duas apostas totalmente diferentes de políticas públicas e de visão de território. Duas cidades do interior. Aliás, Badajoz é hoje uma potência em crescimento. De investimentos realizados, lá até se sonha com uma futura Disneyland.

No fundo, temos do lado de lá da fronteira, uma terra que está mais longe de Madrid do que de Lisboa. Uma terra longe, bem longe do litoral. Mas é o espelho de opções políticas e económicas acertadas, por comparação com um interior de Portugal isolado e abandonado. Medi bem as palavras. Portugal tem um interior abandonado. Tirando os resistentes que por lá vivem, que por lá investem e que por lá ainda resistem, Portugal é hoje um país assimétrico e sem visão de território. Um país pequeno, que somos, contudo macrocéfalo e desnivelado para o litoral. Com esta dimensão e com um abandono total de uma visão integrada para o território, que lhe permita reduzir a perigosa assimetria, que desde os anos 60 do século passado se construiu. Se está a ler este artigo pergunto. Já foi a Portalegre? A Fronteira? À Covilhã? A Boticas? É extraordinário, apesar de tudo, o trabalho de muitos dos nossos autarcas. E até de empresários. Como é fantástico que, em Boticas, por exemplo, exista uma empresa de concepção de redes de pesca, que garante emprego e forte dinamismo económico. Bons, mas, infelizmente, raros exemplos.

Todavia vamos ser claros, para que não restem dúvidas, por melhor que seja o trabalho das Câmaras Municipais e de algumas empresas, isso não chega. Não há desenvolvimento sem verbas, sem estratégia, sem planeamento e sem visão de conjunto ao nível nacional. Conceitos caros e raros neste país que tudo faz em cima do joelho. Que vive sem reformas de fundo, sem horizontes e que, apesar de estarmos em plena campanha eleitoral, pouco se discute do que realmente importa ao interior, apesar das soluções avulsas como baixar IRC das empresas no interior ou Vistos Gold para estas zonas. São propostas bondosas? São. Claro que são. O leilão fiscal é sempre atractivo. Mas não chega. Não basta. É curto. Precisamos de mais, de um planeamento a longo prazo, com compromissos na sociedade portuguesa, por forma a que “territórios de baixa densidade” deixe de ser um eufemismo para descrever aquilo de que o país urbano, concentrado nas grandes cidades do litoral, se esqueceu e só se lembra a cada tragédia que acontece, como os fogos florestais, mas rapidamente perde de vista. Precisamos de quem pense o território de facto e não como mera esmola ou distribuição de fundos, a abordagem tem de ser integral e não uma mera lista desgarrada de medidas, senão como criar ou potenciar sinergias e gerir processos interdependentes, como são os que ligam território, economia e demografia. Podemos ser ainda mais claros? As CIM e CCDR são boas intenções, mas diminutas para a natureza do problema. Precisam de mais escrutínio e de mais poder. Precisam de ter uma visão regional e não podem ser uma mera burocracia do Estado Central para um dado território administrativo, criado à boleia das regras comunitárias de distribuição de fundos. Somos, de facto, um país desequilibrado. E este desequilíbrio precisa de ser enfrentado de frente. Alguém tem coragem de assumir, de facto, políticas de coesão territorial? É por falta de coragem e vontade que existem casos tão díspares como Elvas e Badajoz. Duas cidades vizinhas, mas que contam com Governos centrais e lógicas regionais totalmente diferentes. Era isto que também gostava de ver debatido, de forma séria, numa campanha eleitoral em Portugal.

Diogo Agostinho

At https://expresso.pt/

Ponte para Espanha não, mas para a Beira sim

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A nova “Barca D’Amieira”, num formato moderno do Século XXI, tende a reabilitar um ícone histórico para as gentes de Amieira do Tejo, simbolizando a ligação desta povoação à outra margem, reabilitando assim uma tradição há muito perdida que tinha como objetivo a passagem de pessoas, bens e animais de uma margem do Tejo à outra, onde ainda hoje e na margem de São José das Matas, existe (ativa) a estação de Barca da Amieira, linha da Beira Baixa. Mais do que fazer a própria travessia do rio, este projeto, do Município de Nisa, prende-se à preservação, conservação e valorização do património histórico e cultural do Tejo Internacional.

O projeto “Barca D’Amieira”, da Câmara Municipal de Nisa, é uma operação cofinanciada, em 75%, pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, Programa INTERREG V-A Espanha-Portugal, ao abrigo do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal (POCTEP).

At http://www.cm-nisa.pt/

Artigo de opinião: “Ferrovia: o regresso ao futuro”

Pedro Nuno Santos JCF_03521. Recuemos ao inicio do século XX. Os comboios constituíam, neste período, um meio de transporte revolucionário. As linhas de caminhos-de-ferro que rasgavam os países garantiam a ligação de forma rápida e confortável entre regiões distantes dentro de um mesmo território, espalhando o desenvolvimento económico e, em simultâneo, permitindo a construção simbólica de uma comunidade nacional. Vivia-se um período dourado do caminhos-de-ferro nos países mais desenvolvidos da Europa e da América.

Porém, nas décadas seguintes, algo de paradoxal aconteceu: os avanços tecnológicos tornaram os comboios mais rápidos, mais ecológicos, mais confortáveis e mais fiáveis; e, porém, ao longo desse mesmo período, a ferrovia foi perdendo a sua centralidade nos sistemas de mobilidade nacionais: primeiro, pela democratização do transporte automóvel, no curto e médio curso; depois, pela forte expansão da aviação comercial no médio e no longo curso.

2. Este processo de concorrência entre a ferrovia, a rodovia e a aviação foi transversal a vários países desenvolvidos, mas nem todos responderam a estas tendências da mesma forma. Muitos continuaram a fazer um investimento robusto na ferrovia, não apenas de manutenção da infraestrutura, mas na modernização e expansão da rede e na renovação de material circulante, porque só esta vontade política permitiria ao comboio concorrer, em circunstâncias semelhantes, com o carro e o avião. A Espanha, aqui ao lado, é um bom exemplo de um país que fez uma enorme aposta na expansão de uma rede de caminhos-de-ferro moderna e no desenvolvimento de material circulante tecnologicamente avançado.

Portugal, infelizmente, faz parte do grupo de países que preferiu fazer da rodovia a sua aposta principal. Por acção – que se traduziu na construção de uma das melhores redes rodoviárias da Europa – e omissão – que se traduziu, por exemplo, no adiamento do processo de eletrificação integral da rede e no envelhecimento do material circulante -, vários governos fizeram uma escolha por um meio de transporte automóvel, individual, responsável por elevados níveis de sinistralidade, movido a um combustível altamente poluente e que, ainda por cima, temos de importar, contribuindo fortemente para o nosso défice de balança de pagamentos.

3. Hoje, as consequências de um ciclo longo de desinvestimento na ferrovia, tanto na infraestrutura como no material circulante, estão à vista de todos. Foi, infelizmente, necessário chegar à atual situação – em que a oferta do serviço ferroviário tem dificuldade em responder, com qualidade e fiabilidade, à crescente procura – para se poder gerar o consenso político e institucional de que a ferrovia não é uma relíquia do universo novecentista Queirosiano, mas antes um meio de transporte com enorme futuro.

É a minha convicção que, no século XXI, a ferrovia pode fazer o mesmo pelo desenvolvimento do território, da economia e da nossa comunidade que fez no século XIX e no início do século XX. Isto porque se trata de um meio de transporte:

  • que, com o investimento certo de modernização na linha e no material circulante, pode “encolher” o país, aproximando territórios hoje demasiado distantes;
  • eficiente, ecológico, que aumenta a nossa qualidade de vida e reduz a dependência externa;
  • onde opera, por todo o território, uma empresa pública emblemática, a CP, cujos níveis de qualidade de serviço e de capacidade de resposta é nossa obrigação recuperar;
  • onde o país tem, historicamente, capacidades industriais que podemos desenvolver de novo;
  • coletivo, ou seja, cuja experiência, ao contrário do automóvel, é partilhada com os outros.

Todos estes elementos fazem do investimento na ferrovia um investimento no reforço nos laços que fazem de nós uma mesma comunidade.

4. Como o ciclo de desinvestimento foi longo, o ciclo de investimento também terá de o ser. Não apenas um investimento de requalificação e modernização da rede, mas um investimento de transformação, que permita melhorar significativamente a mobilidade entre as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto; reforçar a coesão territorial, procurando levar a ferrovia a todas as capitais de distrito; e intensificar a integração da economia ibérica, através do reforço de ligações ferroviárias transfronteiriças, seja no plano do transporte de passageiros, seja no das mercadorias.

Investimento, também, na recuperação das capacidades tecnológicas que o nosso tecido empresarial já teve na fabricação de comboios. E investimento, ainda, na nossa capacidade de pensar de forma estruturada o país ferroviário, motivo pelo qual necessitamos de construir e executar um Plano Ferroviário Nacional, que seja capaz de orientar as opções políticas de investimento de longo prazo.

É neste trabalho de estudo, análise, discussão e definição das grandes prioridades de investimento coordenado em infraestrutura e em material circulante que uma entidade com a história, a expertise técnica colectiva e o voluntarismo da ADFERSIT terá certamente um papel fundamental a desempenhar.

Pedro Nuno Santos
Ministro das Infraestruturas e Habitação

At https://www.adfersit.pt/

Nisa não vai ter Net de alta velocidade à borla

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É assim mesmo, puro e duro: vai haver net de velocidade e à borla no Alentejo!

Serão dezenas de municípios alentejanos que, graças ao programa da União Europeia “WiFi4EU”, vão disponibilizar internet de alta velocidade gratuita.

O programa WiFi4EU tem por objetivo garantir mais e melhor conectividade, proporcionando acesso grátis à Internet de alta qualidade a residentes e visitantes de vários locais. Deste modo, foram disponibilizados fundos para a instalação em espaços públicos de hotspots,

Num total europeu de 6200 municípios, entre eles 207 municípios nacionais – distribuídos em duas fases – o investimento total ronda os 3,1 milhões de euros e vai chegar a 28 concelhos alentejanos, que foram contemplados com um vale de 15 mil euros, cada um.

Integram a lista da 1ª chamada 19 municípios alentejanos:

Alentejo Central – Borba, Estremoz, Évora, Mora, Mourão, Portel, Redondo e Vila Viçosa;

Alto Alentejo – Castelo de Vide, Elvas, Marvão, Monforte, Portalegre;

Baixo Alentejo – Almodôvar, Alvito, Castro Verde e Moura;

Alentejo Litoral – Alcácer do Sal e Sines.

Na 2ª chamada, receberam vouchers do mesmo valor, os municípios de:

Alentejo Central – Montemor-o-Novo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas e Viana do Alentejo;

Alto Alentejo – Crato e Sousel;

Baixo Alentejo – Beja, Cuba e Mértola.

Entre os municípios que integram a lista de reserva, e que serão contemplados perante disponibilidade, encontram-se ainda os concelhos alentejanos de Campo Maior e Grândola.

Este programa conheceu um atraso de quase um ano e sofreu fortes críticas do eurodeputado alentejano Carlos Zorrinho, que pediu explicações à Comissão Europeia que revelou que este programa foi “vítima do seu sucesso, mas sobretudo vítima de erros na preparação técnica”, devendo ser melhorada a metodologia escolhida para o ordenamento das candidaturas e revista a a entrega dos vales.

Zorrinho – relator da iniciativa no Parlamento Europeu – propôs ainda o lançamento de uma iniciativa WiFi4EU2 2021-2027, para dar sequência ao WiFi4EU cuja vigência termina em 2020.

At https://tribunaalentejo.pt/ e https://www.radiocampanario.com/