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Artigo de opinião: “Negar o racismo é racismo”

luisa-semedo-imigranteEnquanto se continua a pôr em causa se há racismo, se há racismo estrutural ou se a sociedade portuguesa é racista anula-se o espaço para a responsabilização, para a reflexão e discussão sobre a mudança, e silenciam-se as vozes das pessoas vítimas de racismo, as suas vivências e as suas propostas para o progresso da Igualdade entre todas e todos os cidadãos em democracia. Negar o racismo é distração e sabotagem.

Após a execução racista de Bruno Candé Marques começou desde logo a cantiga usual: “agora tudo é racismo”, “isto não é racismo”, “o idoso só estava mal disposto”, “acordou do lado errado da cama” ou “talvez se tenha enganado porque vê mal” (verdadeiro comentário). Excluindo o negacionismo deliberado e oportunista, utilizado como arma política e chamariz mediático de profissionais do racismo como André Ventura, este nível delirante de negação é perturbador e é também um sintoma do racismo estrutural que gangrena a sociedade de forma mais ou menos velada para os que dele beneficiam.

O medo que o grupo racial, com o qual os negacionistas se identificam, possa ser associado a um crime racista é de tal ordem que todas as recriações e revisionismos contorcionistas do que se passou naquela Avenida de Moscavide são possíveis, pouco importam os inúmeros testemunhos públicos e as declarações da família da vítima. Como explica Herbert Blumer em Race Prejudice as a Sense of Group Position (1958), quando falamos de racismo estamos a falar de uma relação entre supostos grupos raciais e não de uma relação interpessoal entre os membros desses grupos, ou seja, o pânico moral que sentem os negacionistas em relação à sua reputação não acontece porque se identificam com o indivíduo que matou Bruno Candé Marques, mas com o grupo racial ao qual ele é suposto pertencer.

Assistimos, desde logo, a um movimento de solidariedade de grupo cujo objetivo é o de salvar a sua reputação, porque se Portugal não é racista, se não somos racistas, um dos nossos também não pode ser. Se considerassem Bruno Candé Marques como fazendo parte do seu grupo as reações seriam distintas, e não teríamos outro clássico racista que é a desculpabilização do ato criminoso através da inculpação da vítima, que afinal “não era nenhum santo” – como se houvesse uma licença para matar, uma exceção à lei da pena de morte quando essa morte é a de um corpo negro. Negar o racismo é racismo.

Esta estratégia de defesa da sua reputação tem custos elevados para as pessoas racializadas e para a sociedade no seu todo. Negar o racismo é ser cúmplice, através da utilização de um dos eficazes instrumentos, da preservação de um sistema supremacista que beneficia há séculos uns em detrimento de outros. Negar o racismo protege os opressores, vulnerabiliza as vítimas, deslegitima o combate antirracista e “enfraquece a resistência”, como defende Teun A. van Dijk em Denying Racism: Elite Discourse and Racism (1992). Enquanto se continua a pôr em causa se há racismo, se há racismo estrutural ou se a sociedade portuguesa é racista anula-se o espaço para a responsabilização, para a reflexão e discussão sobre a mudança, e silenciam-se as vozes das pessoas vítimas de racismo, as suas vivências e as suas propostas para o progresso da Igualdade entre todas e todos os cidadãos em democracia. Negar o racismo é distração e sabotagem.

Quando se nega a existência do racismo estrutural, está-se a apagar a História de Portugal e o seu passado esclavagista e colonialista, está-se a apagar a História das pessoas racializadas, está-se a negar-lhes um qualquer tipo de ancestralidade, de herança histórica, de transmissão, sem terem direito a “avós”, como se fossem seres fora do espaço e do tempo. Negar o racismo é alienação.

Quando se nega o racismo estrutural está-se a apontar o dedo de forma racista à responsabilidade coletiva de negros e ciganos por fazerem parte da população mais pobre, com menos acesso a trabalho, educação, alojamento e saúde, mais discriminada pelas instituições e violentada pela polícia. Como se fossem, de novo, seres fora do espaço e do tempo, fora dos condicionamentos da sociedade onde vivem. Negar o racismo é omissão de auxílio.

A perversão da chamada cegueira cromática, outra manifestação da negação do racismo, que se verbaliza através dos típicos “eu não vejo raças”, “eu não vejo cores” e, portanto, sou um bom cidadão, é que ao não ver a cor de Bruno Candé Marques também não se pode compreender a sua vida e a sua morte e a influência que a tal cor que não veem exerceu nesse percurso letal. Será assim tão complexo compreender que raças biológicas não existem, que fazemos todas e todos parte da raça humana – ou outras belas frases que se queiram inventar –, mas que as raças existem enquanto construção social e política hierarquizante? Não existe qualquer problema em falar de cores, tal como não há qualquer problema em dizer que um indivíduo tem os olhos castanhos e outro os olhos azuis, o problema está na construção de hierarquias entre essas cores. Se não se vê a cor, não se vê a hierarquia e não se vê o racismo, e se não se vê o racismo nada é feito para o combater. Negar o racismo é perpetuar o racismo.

A negação do racismo é um privilégio mascarado de falsa ingenuidade que resulta em violência psicológica e política, pois corresponde a dizer na cara das pessoas racializadas que a sua vivência em sociedade é uma quimera, que aquilo que sentem é falso. Não se pode confundir o seu universo com o universal. A negação do racismo é tão ridícula como seria ridículo se uma pessoa cega nos dissesse que um objeto que conhecemos de forma distinta não existe porque nunca o viu. Negar o racismo é uma negação de existência.

Negar o racismo é racismo.

Luísa Semedo

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A 27 de Julho, partiu um ditador: faz 50 anos

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…O Salazar era um saloio, um merceeiro, só sabia fazer contas de “deve e haver “… Tínhamos os cofres cheios de ouro mas 68% do povo não sabia ler nem escrever, não tínhamos uma única auto-estrada, mais de 58% da população viviam em barracas ou casas abarracadas, o povo morria de fome e de frio, morriam enterrados na lama dentro das barracas onde se protegiam da chuva, a maioria das crianças andavam descalços por não ter dinheiro para comprar sapatos, aos 5, 6 anos começavam a cavar batatas sem nunca terem frequentado uma escola, e chamam a este imbecil um grande economista. Um verme como o Salazar que tinha os cofres cheios de ouro mas deixou o país em ruínas, não passa de uma besta sem a mínima noção do que é governar o país. Era a mesma coisa de eu andar de helicóptero, ter os melhores carros e viver à grande e os meus filhos andarem descalços, rotos, cheios de fome, doentes, tuberculosos, morrerem por falta de assistência médica enquanto eu andava a exibir os meus anéis. O Salazar não passava de um saloio sem qualquer género de preparação para governar um país. Aliás, Era um indivíduo sem hábitos de trabalho porque nunca soube o que era trabalhar, nunca entrou numa fábrica ou em qualquer género de empresas. Organizou uma “família” mafiosa de criminosos que capturaram o país e ele também acabou por ser capturado por esses criminosos que mandavam para o Tarrafal os seus opositores onde os assassinavam. O Salazar fica na história como um dos ditadores mais sanguinário, a seguir ao Hitler. É esta merda que vocês defendem???”

Tó Marceneiro

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Na mesma data, em 1976, “o general Ramalho Eanes foi eleito presidente da república nas primeiras eleições após a Revolução do 25 de Abril e da promulgação da nova constituição.”

Artigo de opinião: “Mais do mesmo”

José RibeiroAo fim de 11 jogos, com os mesmos adversários, eis o resultado: Silas, 21 pontos; Rúben Amorim, 21 pontos. Silas saiu em 4º, Rúben terminou em 4º. O futebol não é “fácil, fácil”

De punho cerrado, a festejar sozinho na tribuna do estádio em Braga. A imagem de felicidade, seguida de discurso de ‘vingança’, no qual lembrou que o Sporting ainda lhe deve os muitos milhões pela contratação de Rúben Amorim. António Salvador, nas imagens e nas palavras, humilhou o Sporting em toda a linha: a desportiva, primeiro; a financeira, de seguida, e por fim a moral. Sim, o Sporting ‘roubou-lhe’ um treinador que ainda nem sequer pagou (já lá vão quatro meses), pensando que também lhe ‘roubava’ o 3º lugar e a entrada direta na Liga Europa. Afinal, conseguiu… zero, mas de uma forma ou de outra já garantiu aos bracarenses qualquer coisa como metade do orçamento daquela SAD na época 20/21. É obra!

Podem dizer-me que se Salvador humilhou alguém foi Frederico Varandas. Não. Quem sai humilhado é o Sporting, porque é a equipa de futebol verde e branca que termina em 4º lugar; é a SAD leonina quem tem de pagar a conta Rúben Amorim. Sim, é o Sporting quem fica humilhado, e por consequência, como Sócio, partilho desse sentimento. Salvador sonhava há cinco anos com uma noite assim. Finalmente aconteceu. Coincidência? Nada disso.

Leão

1 – OS DIRIGENTES. Se aqueles que administram a SAD tivessem um pingo de vergonha na cara, já a tinham mostrado para pedir desculpas aos Sócios pela pior época de futebol profissional da nossa história centenária. Até agora… só ouvimos o chilrear de passarinhos. De facto, imagino as desculpas de Varandas depois da bazófia exibida na pré-época, quando garantiu que o Sporting terminaria o campeonato 19/20 “acima do 3º lugar”. De facto, imagino as desculpas de Salgado Zenha depois da bazófia exibida já com a época a decorrer, quando vaticinou grandes resultados para 19/20 porque “os nossos adversários perderam alguns dos seus melhores jogadores e o Sporting reforçou-se”. E nem vou perder muito tempo com a bazófia de Miguel Cal quando, já depois da demissão, veio falar nas redes sociais num Sporting em modo “foguete”, que estava imparável. Enfim, são apenas garotos deslumbrados, a quem foi dado um brinquedo que não sabem como funciona. O futebol “fácil, fácil”, nas palavras de Frederico Varandas, não existe. No futebol pouco interessa o que se faz nas primeiras 10 jornadas, ou nas 10 jornadas do meio. Interessa é como acaba. E para o Sporting acabou de tal forma mal que me recuso aqui a fazer a lista de recordes negativos que conseguimos, repito, na pior temporada da nossa história.

2 – OS TREINADORES. Silas teve como primeiro adversário o D. Aves; Rúben Amorim começou a aventura Sporting precisamente frente ao mesmo opositor. Silas entrou para um Sporting 5º classificado e deixou-o na 4ª posição. Rúben começou e terminou no 4º lugar. Silas nos primeiros 11 jogos à frente da equipa somou 21 pontos na Liga. Rúben fez de leão ao peito os mesmíssimos 11 jogos, e contra os mesmos adversários. Somou… 21 pontos. Goste-se mais de um ou outro, a verdade é que em matéria de resultados, e no futebol é isso que conta, fizeram igual. Silas ganhou 7 jogos e perdeu 4; Rúben ganhou 6 jogos, empatou 3 e perdeu 2. Não considero como bons os resultados de Silas, bem pelo contrário, mas os de Rúben também não o foram. Era evidente que com Silas o Sporting não ia lá. Mas é evidente que com Rúben chegamos ao destino que desejamos? Para mim, está longe de o ser.

3 – AS CONSEQUÊNCIAS. Ficar fora do pódio da Liga não veio mesmo nada a calhar para quem queria vender o ‘projeto formação’ como uma grande vitória. Sejamos claros: os miúdos foram lançados porque, a dado momento, ficou claro que têm mais qualidade do que as nulidades contratadas em ano e meio e que custaram 43 milhões de euros! Mas lançar estes miúdos no meio de tanta mediocridade é estar a ‘matá-los’. Apesar de tudo, numa época desastrosa, o Sporting recebeu uma excelente notícia: Max é guarda-redes top e só tem de continuar a ser o dono da baliza. Mas, então, para quê contratar Adán e gastar com ele 2 milhões por ano em salário bruto? Para Max aprender com ele? Com um guarda-redes que não jogou nos últimos dois anos? Não brinquem com o dinheiro do Sporting! Aquilo que Max já é como guarda-redes, Adán nem perto disso andou em momento algum da carreira dele. Teve o seu pequeno momento de glória quando José Mourinho quis afrontar Casillas no Real Madrid. Nada mais.

O problema aparentemente inultrapassável neste Sporting é este: os erros sucedem-se, cada vez de forma mais gritante, e não há consequências para ninguém. Os medíocres vão-se defendendo uns aos outros e por lá continuam.

P.S. Maria Serrano, elemento do Conselho Diretivo com a pasta dos Núcleos, deu uma entrevista ao Jornal Sporting, publicada na última edição. Foi-lhe perguntado várias vezes e de diversas formas, como poderia o Sporting ajudar os Núcleos a manterem as portas abertas ou a crescer. A resposta concreta nunca surgiu. Apenas aquele tipo de palavreado que as Miss Universo utilizam no concurso, ao pedir paz no Mundo e alimentos para todos. Maria Serrano adaptou o discurso ao tema e teceu loas aos Núcleos, mas dizer o que fazer, como fazer, está quieto. Um vazio absoluto de ideias. Imagino, portanto, o tempo que a senhora gasta a pensar em soluções, ou a capacidade que tem para as encontrar… Ah, mas conseguiu colocar a cereja no topo do bolo ao explicar que i-voting também serve para ajudar os Núcleos. Percebeu-se que o périplo desta senhora pelos Núcleos (por alguns…) serviu apenas para os enganar com a história do i-voting. É que se algo pode ajudar a desenvolver os Núcleos é precisamente o voto electrónico presencial (como já se faz no nosso Estádio) no maior número possível de locais. Porque isso, sim, iria dar maior visibilidade e maior movimento aos Núcleos. Estreitaria a relação do Sócio com o Núcleo. O i-voting, que permite a cada um votar a partir do seu próprio telemóvel, ajuda os Núcleos em quê? Se esta gente tivesse tanta capacidade para gerir o futebol como tem para mentir aos Sócios, hoje estaríamos a festejar o bicampeonato!

José Ribeiro

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Opinião: “A desistência do respeito mútuo”

Raquel 9719966António-Coimbra-de-Matos-e-Raquel-VarelaQuando fui com 18 anos viver para a Alemanha pensei que Portugal era o fim do mundo. Não porque por terras de germânicas há mais riqueza. Nada me causou nos primeiros dias tanta estranheza como ver a minha colega de casa, estudante de medicina, ir às 6 da manhã, feliz, de patins, com frio, neve, para a Faculdade. Havia esfera pública. Pensei, caramba!, que lugar evoluído. Na aldeia onde temos em casa, em Portugal, que terá de distância de uma ponta à outra 1 km e meio, uma parte das pessoas vai ao café de carro e acham graça eu por lá andar de bicicleta – olham para mim como um antropólogo em África no século XIX olha o seu objecto de estudo. Os filhos estão na sua maioria fechados com uma Playstation, porque, entre outras razões, a rua é dos carros e é efectivamente perigosa. A acumulação e a circulação de mercadorias e pessoas não pode parar, por isso fecham-se as crianças em casa. Somos, nesta matéria, hoje, mais primitivos. Temos uma das mais altas taxas de morte nas estradas.

Recordo-me de, muito pequena, uma cena inesquecível. Conto-vos como a memória me trouxe ela até hoje. Estava o meu irmão e o seu grande amigo a jogar ténis num passeio na Zambujeira do Mar e nós todos a brincar na rua, e os nossos pais a conversar animados nos cafés, na altura em que era uma vila de pescadores a sério. E dois ou três homens entraram na terra, num carro, muito rápido, voaram pelo passeio, quase os atropelaram e foram bater num muro, que destruíram. E que os salvou, impedindo-os de cair na falésia. Todos no velho café Rita ficaram chocados com aqueles assassinos à solta, que por pouco não tinham morto dois jovens e a si próprios, e depois de os tirarem do carro e ver que não estavam feridos, deram-lhes um valente murro. Hoje, na Zambujeira, ou na aldeia onde tenho casa a norte do Tejo, ou na minha rua histórica, na área de Lisboa, onde o limite legal é 30km/hora, todos os dias passam uns animais, que fora do carro até podem ser pessoas humanas, a 50 e 70 km/hora. Aliás, na aldeia já por duas vezes o nosso muro foi destruído por embates de carros. E ninguém ousa dar um murro, que seja um grito, neste delírio individualista em que estamos sufocados. Não há posições colectivas de defesa da comunidade. Isto levou a uma situação em que pedestres, crianças, ciclistas e idosos, todos vivemos com um arma apontada à cabeça – essa arma chama-se carro. Ontem morreu uma jovem de 16 anos, pode ter sido um acidente, um outro jovem que teve um AVC ao volante, por exemplo. Pode, mas é pouco provável. O que é mais provável é que ali não há limites de velocidade correctos, as passadeiras não têm lombas, avisos sonoros, listas vermelhas, e a educação para a condução é “prego no fundo” – aliás os anúncios de vendas de automóveis continuam a estimular a velocidade como acto de liberdade.

Somos prisioneiros no espaço público. Que foi completamente dominado ou por estradas ou por parques de estacionamento. O Governo, complacente com a indústria automóvel, lava as mãos disto anunciando todos os anos mortos na estrada, atropelamentos, como “acidentes”. Há, é verdade, acidentes. Mas, a maioria dos mortos não resultam de “acidentes” mas de erros evitáveis. Naturalizou-se o que é social, e não acidental – a falta de educação, de civismo, de respeito, de fiscalização, de serviço público de segurança rodoviária, e de estradas decentes. Em vários países da Europa zonas residenciais e aldeias ou ficaram sem carros ou têm um limites claro, e fiscalizados, de 30 a 50km/hora. Onde há crianças e escolas, como no Campo Grande, sempre 30km/Hora. Cá em Portugal vê-se de tudo: animais colados à traseira do carro da frente; a fazer marcha atrás acelerando; atravessando aldeias a 70 km/hora, 90 km/hora; estradas que são elas mesmo criminosas. E a polícia tem como função de quando em quando passar umas multas que visam recolher impostos. Campanhas de educação deixou de haver de todo. As pessoas, ao contrário da Zambujeira há 40 anos, desistiram de ser uma comunidade que luta e age pelo respeito mutúo.

Tenho muitos amigos, alguns próximos, que são maravilhosos e quando pegam no carro são uns animais. Disney fez um dia uma ilustração Mr Walker e Mr Wheeler – o Sr Pedestre é um homem delicado e educado, quando entrava no carro transmuta-se no Sr Rodas, uma besta incontrolável.

Raquel Varela

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Artigo de opinião: “A ministra, o barrete e a pega”

joaquim-nascimentoO que agora nos governa são políticas exclusivas em que o preconceito ideológico está ao serviço do mais primário sectarismo e em que a ministra não só não sai em defesa da cultura do seu país, como é ela própria a intérprete da agressão.

O mantra “entendamo-nos”, ou o ainda mais imperativo “entendamo-nos bem” fazem parte da linguagem fria frequentemente utilizada no discurso autoritário de uma certa clique que se tem por vanguardista e sabichona para policiar e chamar à razão as massas. Em aparente paradoxo, o pacote proveniente do espectro político mais frequentado por estas luminárias costuma também trazer uma atitude religiosa consubstanciada na utilização de uma moral de culpa tão tipicamente judaico-cristã. Insuportáveis, na sua unção, gostam então de se pôr a julgar: Aficcionado? Culpado de crueldade. Come carne? Culpado das alterações climáticas. Caçador? Culpado de atentar contra a biodiversidade. Agricultor? Culpado pela insustentabilidade. Feliz? Culpado pelo desuso. Isto é, o rabo racional esconde o gato inquisidor e, quando acaba a assumir responsabilidades governativas, o felídeo faz questão de não deixar os seus créditos por garras alheias.

Forcados

Há já quase dois anos, qual Rá, chegou para nos iluminar a actual ministra da Cultura. Dando-se ares de quem das coisas do campo sabe que serão “tipo uma maçada com vegetação, bichos e assim”, trouxe, no entanto, com ela um verdadeiro estado da arte na produção de “civilizações”. Recentemente, foi ao indigenato transtagano que ela concedeu a honra de pastorear na sua descida até à planície. Embora entre Évora e Elvas lhe tenham ocorrido diferentes versões da esfrega, veio então a Sra. ministra mostrar-nos como funciona o departamento da cultura democrática.

“São palavras ofensivas e atacam as pessoas que têm uma paixão e um sentimento positivo por uma prática que no nosso país é considerada cultural”. Esta foi a pronta resposta do ministro da Cultura espanhol ao dono da empresa Neat Burger, mais conhecido por ser o actual campeão mundial de Fórmula 1. Esta empresa comercializa hamburgers vegan e as ofensivas palavras “verdadeiramente repugnante, Espanha!” surgiram num post ao lado de um touro de lide morto que seguramente não seria destinado a ser servido nos seus restaurantes. Como agora em Espanha, em Portugal também já tivemos autoridades como o Presidente Jorge Sampaio a providenciar as adequadas condições para o enquadramento institucional da tauromaquia a partir da dialéctica que deve ser intrínseca a estas temáticas. Chamou-lhe “pluralismo cultural”, por forma a promover a diversidade e a tolerância de políticas inclusivas.

Em vez disso, o que agora nesta matéria nos governa são políticas exclusivas em que o preconceito ideológico está ao serviço do mais primário sectarismo e em que a ministra não só não sai em defesa da cultura do seu país, como é ela própria a intérprete da agressão. “Há valores civilizacionais que diferenciam políticas” e “a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização” são pérolas retóricas com que nos acossou na Assembleia da República antes de vir a Évora para, de forma acintosa e grosseira, se recusar a receber um barrete de forcado da parte do “incivilizado” grupo desta cidade-museu e património mundial UNESCO.

É que Évora, sendo uma cidade histórica, é também cosmopolita e expoente de uma moderna ruralidade e aquele barrete de forcado era bem a representação dessa síntese de tempos e de gentes no centro do amplo espaço cultural nacional do touro bravo. Se é legítimo o desacordo individual de alguém que, por receber um barrete de forcado teme ser sugada para uma máquina do tempo que a transporte até à Idade da Pedra, da ministra da Cultura de um país civilizado são inaceitáveis a acrimónia, a soberba e a falta de respeito a um símbolo identitário com as cores nacionais. É duma reminiscência de origem militar que procede a farda de forcado. Pontuada pelo vermelho por referência ao perigo, ao sangue mas também à paixão, tem três elementos principais: o barrete verde e o calção cor de trigo simbolizando os ciclos contínuos de uma natureza perene com o que nela começa verde para depois amadurecer, e a jaqueta com as ramagens a aportarem uma estética significativa da capacidade do Homem para elaborar em complemento ao que é natural.

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Ficando assim qualificada a indumentária para a solenidade, é, no entanto, o barrete a peça de maior protagonismo. Distingue o forcado da cara na pega, é com ele que é feita a saudação aos representantes do Estado através da Inspecção Geral das Actividades Culturais e serve também para a dedicatória prévia e posterior agradecimento dos aplausos. Por ser a peça de maior significado institucional, a jaqueta é devolvida ao grupo no fim do tempo de participação do forcado. Já o barrete é guardado como relíquia pessoal para poder ser passado de geração em geração, até ser recusado pela Ministra da Cultura do mesmo país em que é um símbolo cultural. Para além disso, é também a síntese de um sistema de valores tal como ele vem sendo divulgado a partir de 1915. Deste então, com a sua fundação, o Grupo de Amadores de Santarém, estabeleceu as actuais referências técnicas, estilísticas e comportamentais para os intérpretes da moderna arte de pegar touros e por isso já foi condecorado por três presidentes da nossa República.

Haverá desconsideração pela condição da mulher em Podence porque os diabólicos Caretos perseguem e chocalham as raparigas no Entrudo? Será a Falcoaria um anacronismo por ser uma forma de caça com luta entre animais? E será para estes humilhação a Arte Chocalheira? O Cante alentejano ser quase sempre interpretado por homens e os Bonecos de Estremoz serem originariamente só feitos por mulheres porão problemas de desigualdade de género? A questão é qual o enquadramento adequado e em que plano é relevante estas matérias serem analisadas. Porque se para a UNESCO há justiça na sua classificação como património cultural imaterial da humanidade, para a nossa sensível e ensimesmada ministra, o mais provável é haver também por aqui problemas com os “valores civilizacionais”.

A tauromaquia é uma das genuínas expressões culturais que enriquecem o nosso país, devendo por isso encontrar representação e ser acarinhada no ministério da cultura. Tendo também ela a sua principal expressão na geografia e no caldo cultural que já ofereceu a Portugal a maior parte do nosso património cultural imaterial da humanidade. Se somos assim culturalmente tão reconhecidos pela UNESCO, por que vem cá a nossa própria ministra da Cultura para desconsiderar e discriminar sem a mínima civilidade e em completa ausência de sentido de Estado?

Diletante, começou por nos informar que havia 170 obras de arte no seu ministério que não se encontravam desaparecidas, do que precisavam era de uma localização mais exacta! Negligente, já em pandemia, propôs um Festival de Artistas Confinados TV Fest, em que num esquema de pirâmide, a cada artista caberia indicar os seguintes a actuar! Trapalhona, arranjou confusão não só com os critérios que lhe permitiram eleger as Edições Avante para ajudas covid-19 à comunicação social, mas também com as contas no apuramento dos montantes para a atribuição desses apoios extraordinários! Refém do politicamente correcto, não consegue a sra. ministra inspiração que lhe desentorte um ministério disfuncional e asséptico, nem desígnio que possa oferecer à cultura do seu país! Inconsciente, no seu radicalismo afectado, não se dá conta que a sua incompetência técnica e a sua falta de elevação acabam a alimentar um radicalismo oportunista de sinal contrário, ultramontano e demagogo. Alguém disse que “decente é não tratar mal ninguém”. Se à Sra. ministra custa a inteligência, ao menos lhe valesse a decência para a demissão.

Agricultor (Olivicultor – Ervedal-Avís)

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Artigo de opinião: “Portugal e a Maçonaria em tempos de pandemia”

Antonio VenturaEste tempo de excepção é para a Maçonaria um tempo extraordinário, sem paralelo, pois, para existir, reclama a essencialidade insubstituível da presença física e da partilha presencial e simultânea do mesmo espaço e do mesmo tempo.

Constitui uma ideia pacificamente aceite que temos vivido tempos de excepção. Tempos de excepção que nos têm privado de comportamentos de proximidade, de comportamentos sociais que são essenciais ao Ser Humano. Numa palavra, temos sido privados de parte da nossa humanidade.

A ausência de proximidade física, a necessidade que temos sentido em estarmos mais distantes, tem feito com que, frequentemente, olhemos para os outros não como parte de uma mesma humanidade, mas antes como um potencial factor de risco a evitar. Todos nós, ao sairmos das nossas casas, em tempos de pandemia, já sentimos essa necessidade de nos afastarmos, de evitarmos os outros, de traçarmos outra rota, condicionados pelo medo que nos assola enquanto sociedade.

A Humanidade enfrenta, por isso, um enorme desafio: recuperar a confiança; uns nos outros, nas relações sociais, nas relações profissionais, nas relações familiares, nas relações de amizade, mas sobretudo nos afectos; ao mesmo tempo que convivemos com um vírus que corrói diariamente essas relações.

Este tempo de excepção é para a Maçonaria um tempo extraordinário, sem paralelo, pois, para existir, reclama a essencialidade insubstituível da presença física e da partilha presencial e simultânea do mesmo espaço e do mesmo tempo.

Assinalámos muito recentemente os 85 anos da publicação da Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935, que proibia as “sociedades secretas”. O projecto inicial, da autoria do deputado José Cabral, foi apresentado em 19 de Janeiro na Assembleia Nacional – a primeira do Estado Novo –, destinado a proibir as associações secretas e punir os que a elas pertencessem, obrigando os funcionários do Estado e dos corpos administrativos, civis e militares, a declarar por sua honra que não pertenciam nem jamais pertenceriam a tais associações, obrigatoriedade que também era exigida aos alunos de qualquer grau de ensino pertencente ou subsidiado pelo Estado, a partir dos 16 anos de idade. Depois do parecer favorável da Câmara Corporativa, em 27 de Março, foi votado e aprovado por unanimidade em 6 de Abril.

Começava uma nova época para a Maçonaria Portuguesa, que teve de combater o triunfo momentâneo das forças do obscurantismo, da intolerância e do fanatismo.

Mas nem mesmo nesse tempo fomos privados da egrégora fraterna que nos eleva, pois, mesmo na clandestinidade, apesar dos riscos daí decorrentes, havia a cumplicidade da partilha presencial do mesmo tempo e do mesmo espaço.

No caminho para a recuperação da confiança, colocam-se à sociedade portuguesa – tanto quanto a outras – exigentes tarefas que importa enfrentar e que devem merecer o trabalho dos democratas em geral e de cada um dos maçons em particular, enquanto cidadãos empenhados na construção do bem comum, numa intervenção na sociedade que, não sendo orgânica, não pode nem deve deixar de ser feita.

Os tempos difíceis que enfrentamos afectam e continuarão a afectar de forma decisiva a nossa vida em comunidade. Aos que, como os maçons, encontram na democracia o caminho para a realização social impõe-se uma vigilância e uma actuação permanentes, face à nova realidade que vivemos

Vejamos seis tarefas que reputamos como essenciais.

A pandemia chamou-nos a atenção, de forma dramática, para a essencialidade da existência de um Serviço Nacional de Saúde, enquanto instrumento fundamental da promoção da dignidade humana e da igualdade entre os cidadãos. Abstraindo-nos das opções políticas concretas tendentes ao alcance desse desiderato, nas quais não nos imiscuímos, consideramos que esta é uma matéria em relação à qual se torna imperativo promover uma cultura de compromisso na sociedade portuguesa.

Os tempos difíceis que enfrentamos afectam e continuarão a afectar de forma decisiva a nossa vida em comunidade e terão sérias consequências nos planos económico, financeiro e social.

Aos que, como os maçons, encontram na democracia o caminho para a realização social impõe-se uma vigilância e uma actuação permanentes, face à nova realidade que vivemos.

Desde logo, combatendo, por todas as formas, os populismos e os extremismos de todos os matizes que, historicamente, tendem a crescer em períodos de excepção como o que vivemos e que também tenderão a crescer na sociedade portuguesa, quer de forma mais organizada, quer de forma mais inorgânica, mas igualmente preocupante.

Por isso, é imperioso continuar, como sempre temos feito, a defesa intransigente dos direitos, liberdades e garantias, que, também historicamente, nas épocas com maior propensão securitária, tendem a ser colocados em causa.

A crise económica e financeira que se desenha e que já afecta muitos dos nossos concidadãos trará, inevitavelmente, sérios problemas sociais, com o aumento dos níveis de desemprego à cabeça. A firme defesa da coesão social, as preocupações com os mais desfavorecidos e com as novas formas de pobreza são questões que nos devem ser particularmente caras, de forma a que, no progresso colectivo, “ninguém fique para trás”. Os números dos mortos, dos internados, dos infectados, dos desempregados, dizem respeito a pessoas concretas, a dramas pessoais e humanos concretos, que exigem a nossa atenção.

Esta crise multifacetada, económica, financeira e social, afectará a sociedade portuguesa de forma marcante e, para a sua resolução, impõe-se uma prática de intervenção pública e cívica centrada nos problemas, de forma a que os interesses da colectividade prevaleçam sobre os interesses individuais ou de grupo, com base numa promoção de inevitáveis compromissos, de que os maçons não se devem alhear, como homens que devem promover o diálogo no seio da Humanidade.

Por fim, as referidas crises afectarão a sociedade portuguesa num momento em que se tem assistido, ao longo dos últimos anos, a um enfraquecimento geral do peso das instituições, aliado a uma incapacidade crescente de renovação e de envolvimento das novas gerações. Impõe-se, por isso, uma intervenção cidadã e empenhada nas diversas instituições da sociedade portuguesa, fortalecendo-as. Impõe-se ainda uma credibilização dos actores públicos e devolução do sentido de nobreza à gestão da coisa pública. Ao fazê-lo fortaleceremos o país.

Cremos que a materialização deste “caderno de encargos” – valorização do Serviço Nacional de Saúde; combate aos diversos populismos e extremismos; defesa dos direitos, liberdades e garantias; defesa da coesão social; preocupação com o bem comum, assente numa cultura de compromisso; fortalecimento e renovação das instituições – contribuirá para a reconquista da confiança na sociedade portuguesa, objectivo que é de todos os democratas, mas também da Maçonaria. Como afirmava Magalhães Lima, em 1907, após a sua eleição como grão-mestre, “É precisamente para fomentar a confiança entre os homens que existe a maçonaria”.

António Ventura e Carlos Vasconcelos

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Forcados e toureiros também vão a Elvas amanhã

 

maxresdefaultOs chefes de estado de Portugal e Espanha vão estar presentes, amanhã, dia 1 de Julho, na cerimónia de abertura das Fronteiras. Os presidentes da ANGF e o da ANT apelam a que todos os profissionais da tauromaquia estejam presentes no Castelo de Elvas, pelas 10h30, onde se vai realizar a cerimónia.
“Mesmo sendo em cima da hora era bom estarmos presentes para continuarmos a ser vistos e reivindicarmos aquilo a que os nossos governantes nos têm vindo a privar, medidas de retoma da actividade iguais aos restantes sectores culturais. Devermos estar as 10h00 junto à entrada do castelo de Elvas. É importante a presença de todos os que se puderem juntar. Deveremos ter especial atenção ao distanciamento social e ao uso de máscara”, revela o comunicado da ANGF.

Tauronews contactou o presidente da ANGF, Diogo Durão, que irá estar presente na cerimónia. “Embora seja um dia de trabalho normal e numa altura em que precisamos todos de trabalhar, espero que os que são profissionais do sector da tauromaquia estejam presentes”, começa por revelar Diogo Durão. E acrescenta: “Os Forcados, embora sejam amadores vão estar presentes”.

Quem também vai marcar presença são os toureiros, segundo Nuno Pardal, Presidente da Associação Nacional de Toureiros que avança à Tauronews: “Já convoquei todos os profissionais a estarem presentes pelas 10h15 ao pé do Castelo de Elvas. Eu vou estar presente e acredito que os toureiros também vão, afinal temos que continuar a lutar pela tauromaquia!”.

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Artigo de opinião: “Demissão”

Luis GodinhoO velho pescador cubano – Santiago, de seu nome – está há vários meses sem conseguir pescar um único peixe, apesar de todos os dias sair para o mar. “Era um velho que pescava sozinho num esquife na corrente do Golfo e saíra havia já por oitenta e quatro dias sem apanhar um peixe”. Quando a sua sorte muda, um enorme espadarte morde o isco e arrasta o barco para alto mar, para longe, cada vez mais longe, da costa. Santiago conseguirá capturar o animal mas será subjugado pelo destino no decurso do longo regresso a casa.

“O Velho e o Mar” é uma ode poética à coragem humana, um dos mais comoventes romances de Ernest Hemingway. Valeu-lhe o prémio Pulitzer em 1953. No ano seguinte seria distinguido com o Nobel da Literatura. “O Velho e o Mar”. Li-o pela primeira vez ainda adolescente. Era, aliás, um dos livros de leitura obrigatória no secundário – não sei se continuará a sê-lo. “Por Quem os Sinos Dobram” – um relato impressionista da guerra civil espanhola – é outra das obras que me tem acompanhado ao longo da vida. “Se era assim, bem, era assim. Mas que lei me obriga a aceitar isto? E nunca pensei que pudesse sentir o que estou agora a sentir. Nem que isso me pudesse acontecer”. O livro é de 1940. E, três anos depois, ainda Hitler dominava boa parte da Europa, Sam Wood adaptava-o ao cinema, num belíssimo filme com Gary Cooper e Ingrid Bergman.

“O Velho e o Mar”, com o pescador Santiago, e “Por Quem os Sinos Dobram”, a trágica história do americano Robert Jordan por terras de Espanha, integrado nas brigadas internacionais que resistem ao avanço das tropas fascistas de Francisco Franco… até ao início da pandemia era este o meu conhecimento – muito limitado, reconheço – da obra de Ernest Hemingway. E eis que com a covid-19, o confinamento e as compras online, lá surge por inesperada obra do acaso a oportunidade de uma leitura de toda a obra – ficção, não ficção, contos e pequenas histórias – de um dos mais marcantes escritores do século XX, em novas edições da Livros do Brasil. “Às vezes, a verdadeira vitória não se pode mostrar, nem a verdadeira coragem é tão visível ou evidente quanto se pensa”. Hemingway.

Foi assim, como que por acaso, que descobri a genialidade de obras como “Ilhas na Corrente” (1970) ou “Na Outra Margem, Entre as Árvores” (1950), além, é claro, de “Fiesta – O Sol Nasce Sempre” (um romance de 1926 centrado nas festas de Pamplona) e de “Verão Perigoso” (1960), livro que resulta de uma encomenda da revista “Life” que lhe atribuiu a missão de narrar os acontecimentos extraordinários do verão de 1959, quando dois dos mais célebres toureiros de todos os tempos – António Ordóñez e Luís Miguel Dominguín – se defrontaram nas arenas de Espanha.

Claro que Graça Fonseca, a senhora que está como ministra da Cultura, não deverá apreciar a obra de Hemingway. Mas sendo ministra, e da Cultura, não é aceitável que continue a tentar impor os seus preconceitos. A tauromaquia é uma arte, tutelada enquanto tal pelo Ministério da Cultura. O Campo Pequeno abriu para deixarmos o pimba em paz. Também é tempo de Graça Fonseca deixar a tauromaquia, e já agora o mundo rural, e já agora a cultura, em paz.

Luís Godinho

At Diário do Alentejo