Estrangeiros procuram cada vez mais o interior

eccbc87e4b5ce2fe28308fd9f2a7baf3-18-754x394

O interior está a atrair cada vez mais estrangeiros. De tal forma que, em 2016, Castelo Branco, Bragança e Guarda foram os três distritos que, percentualmente, ganharam mais imigrantes residentes, apesar de o número ter crescido em praticamente todo o país. Fatores como a “qualidade de vida”, a segurança, o contacto com a natureza e a “facilidade” em chegar aos grandes centros ajudam a explicar o fenómeno.

Segundo o último Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA), divulgado recentemente, havia, em dezembro de 2016, 387 731 estrangeiros a viver em Portugal. “Inverteu-se a tendência de decréscimo do número” de imigrantes, concluiu o SEF. Entre 2015 e 2016, o aumento foi de 2,3%. E as explicações para a subida assentam em dois fatores de atratividade, segundo o serviço. Por um lado, “a perceção de Portugal como país seguro” e, por outro, “as vantagens fiscais decorrentes do regime para o residente não habitual”.

Independentemente das razões, os três distritos em que a população estrangeira mais subiu em termos percentuais são do interior. Castelo Branco foi a região que ganhou mais imigrantes. A subida foi de 11,9%, para um total de 3642 residentes. Segue-se Bragança, distrito onde o aumento foi de 11,6% para 2685 imigrantes. Na Guarda, os estrangeiros subiram 9,5% e são já 1845.

Além de o número de estrangeiros ter subido sempre nos últimos anos, há nacionalidades novas. Em Castelo Branco, por exemplo, há cada vez mais ingleses. Em 2013, o Reino Unido era a sexta nacionalidade mais representada no distrito, no ano passado passou a ser a terceira. E há concelhos, como o Fundão, onde os ingleses são já a maior comunidade estrangeira.

Quanto à zona da Guarda, e especialmente os concelhos da serra da Estrela, como Gouveia e Seia, está a ser mais procurada por holandeses – que, em 2013 não faziam sequer parte da lista das 10 nacionalidades mais representativas do distrito. Agora são a nona.

Mais a norte, em Bragança, o Brasil continua a ser o país mais representado, mas verificou-se um aumento de nacionalidades pouco habituais, como é o caso do Cazaquistão. Há 118 cazaquistaneses no distrito, sendo que metade (56) vive em Mirandela.

Em busca da qualidade de vida

A principal razão que leva os estrangeiros a procurarem as zonas mais desertificadas do país – de onde os portugueses têm fugido nos últimos anos – é, para o coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, a qualidade de vida. “São pessoas em idade ativa e reformados que estão a valorizar, de forma mais rápida que os portugueses, essa vertente de estar na vida”, acredita João Paulo Catarino.

“Temos segurança, infraestruturas públicas de grande qualidade e estamos perto dos grandes centros, ao contrário do que por vezes achamos”, acrescenta o ex-presidente da Câmara de Proença-a-Nova, que defende que este fenómeno pode ajudar os portugueses a olharem para o interior “de forma mais descomplexada”. “Em Portugal, ainda achamos que o cosmopolita é melhor”, lamenta.

At Jornal de Notícias