Nã venham pó Alentejo
Tô escrevendo aqui no monti
Um poema pós de fora
Viver aqui na presta
Vã-se mas é daqui embora.
As notis aqui sã frias
Nã aguentas nem que te mates
3 mantas Nã te chegam
Até arreganha a pele dos tomates.
Os dias aqui sã tã quentes
As vezes até falta o ari
50 graus n’ amarleja
Nem na rua podemos andari.
Na temos aventoinhas
Com o calor nã se pode.
Os velhos usam samarra
E as velhas têm bigode
Querem vir pá cá morari
Nem sabem a bicheza que há aqui
Gato bravo e Saca-rabos
Raposas e javali.
As 5 da manhã tamos-se álevantar
Pa monde ir ver do gado
Nem imaginam o que é Andar
com um pé todo cagado.
Na temos carro de praça
Nem sequer internet
Uns andam aqui a pé
Os outros na biciclete.
Nã temos praia perto,
e só se bebe aqui bagaço
Os sapos aqui sã tã grandes
Espetam com cada cagaço…
As casas nã têm luz
E lume é no chão
O gerador só faz barulho
Pá gente ver a tlevisão
Já dizia a outra porca
É nos montis ca gente móra.
Como já viram, isto na presta
Vã-se mas é daqui embora.
Se antes era deserto
Agora continua a ser
Nem os queremos aqui tã perto
Nem os queremos aqui a viver.
Podem vir visitar
Mas venham noutra altura
Deixem se aí ficar
Enquanto está merda dura.
De Um Alentejano que quer ajudar.
Autor: Helder Telo