Artigo de opinião: “A sigla PSD deixou de ter razões para existir”

Marco AntónioAté porque esta ideia não é nada difícil de ser justificada. Aliás, há também siglas de outros partidos que são puramente enganadoras relativamente aos seus conteúdos, veja-se os casos do Bloco de Esquerda ou do PPM (relembre-se o Partido Socialista Revolucionário da “ovelha negra” da Rua Augusta, por isso nada moderado, inserido no primeiro, e o facto de não ser um partido monárquico que traz o regime de novo).

Diz o Professor Catedrático Jorge de Miranda, que a social-democracia pretende-se democrática, mas também social, “porque afirma os valores da solidariedade e da igualdade social e propugna uma vida colectiva donde desapareçam os privilégios, as distorções e as formas de opressão e de exploração geradas ou agravadas pelo capitalismo”. E então o que temos a dizer sobre esta definição? Por acaso, o partido, em Portugal, que usa o termo social-democracia na sua sigla, pugna por alguns destes valores? Claro que não, e por esse motivo deveria imediatamente alterar o termo político que transporta e deixar de enganar o cidadão comum e eleitor.

O que é ainda mais de salientar, é que esta mesma visão é corroborada por elementos nacionais do próprio partido. Em Janeiro deste ano, quando a possível ligação do PSD à Maçonaria foi capa do Jornal Público, o nome Nuno Manalvo, que tentou organizar um jantar entre ambas as partes, despertou-me de imediato a atenção. Pouco tempo depois, e após pesquisa, percebi que se tratava do irmão do Tiago, um belo rapaz de direita (entre outros) que estava na mesma turma que eu na universidade. Mas relembrei também que o Nuno escreveu em tempos um livro sobre o próprio PSD e que me despertou a atenção na biblioteca da universidade, precisamente pelas cores da capa do livro, em laranja … e preto. E escrevia então o Nuno Manalvo na sinopse do respectivo livro: “No quadro dos maiores partidos políticos portugueses actuais, o PPD/PSD é o único que não se enquadra linearmente em nenhuma das ideologias conhecidas. O seu conteúdo programático, mais do que preenchido pelo somatório de diferentes correntes, resulta do pensamento político que os seus principais líderes emprestaram à doutrina do Partido. O PPD/PSD foi e continua a ser um barro moldável às suas lideranças.”

O ser “franco” aqui, não significa prosseguir qualquer doutrina fascista do país vizinho, ou ser discípulo do Embaixador Franco Nogueira, que por acaso até tem um auditório com o seu nome na mesma universidade. Este sim é dos que não anda cá a enganar ninguém. E é precisamente por esse motivo que adianta ainda o Professor Jorge de Miranda que “os adversários ‘desta’ social-democracia, à esquerda, acusam-na de ter traído os ideais socialistas (‘a sua origem’), perdendo-se na gestão de um aparelho de Estado que nada tem a ver com os reais interesses dos trabalhadores e num rumo anestesiante de colaboração de classes, através da atenuação dos malefícios da exploração do homem pelo homem inerentes ao modo de produção capitalista”.

São necessários estes livros e textos de clarificação, até porque os próprios estudantes de ciência política ou de relações internacionais poderão mesmo vir a ficar baralhados com o que realmente representa este PSD (definitiva e totalmente diferente das “sociais-democracias” de centro e norte da Europa), actualmente em situação definida de ataque a todos os que não estejam protegidos pelo “seu” aparelho. E são a quase totalidade dos portugueses. Mas como os sapos atravessados não resolvem problemas nacionais …

Marco Oliveira

Publicado a 04/07/2012

At https://www.jornalaltoalentejo.com/

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