“Não posso dispensar-me de acrescentar ainda uma observação, e vem a ser que quem exige o cumprimento das obrigações contraídas por outrem deve também pela sua parte ser muito exacto em executar o que prometeu; e se o Governo de Espanha for justo, conhecerá que quando ele nos faz tais exigências, não é tão escrupuloso em executar as suas obrigações contraídas para connosco!… Eu creio que presentemente não se acham ainda pagas as despesas que fez a Divisão Portuguesa Auxiliar que esteve em Espanha; sendo para notar a falta desse pagamento, estipulado solenemente numa Convenção, e conseguintemente, se a tal respeito se pode e deve fazer comparação, ela é toda a nosso favor. Não desejo entrar agora na discussão de outro assunto; porém não posso deixar de o tocar, ainda que de passagem seja. Os Espanhóis assinaram um tratado pelo qual reconhecem os direitos que Portugal tem a Olivença; e não sei qual a razão por que eles se supõem isentos de prestar ouvidos a uma tal reclamação da nossa parte, ao mesmo tempo que tão altivamente falam, quando de nós exigem o cumprimento de tratados.”
«Discursos Parlamentares proferidos pelo Duque de Palmela nas Câmaras Legislativas desde 1834 até hoje», 1844.